Comércio

Galo da Madrugada é negócio para todo mundo

Do vendedor ambulante ao proprietário de camarote, agremiação carnavalesca pode render um extra a quem decide investir na festa

Yasmin Freitas
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Yasmin Freitas
Publicado em 31/01/2016 às 17:32
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Do vendedor ambulante ao proprietário de camarote, agremiação carnavalesca pode render um extra a quem decide investir na festa - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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No comércio do Centro do Recife há quem, entre risos, diante da pergunta da repórter sobre trabalhar no dia do tradicional desfile do Galo da Madrugada, responda com um bem-humorado: “Deus me livre, eu vou é me jogar na festa!”. Mas a apenas seis dias de o maior bloco em linha reta da América Latina desfilar pelas ruas do bairro de São José, outras tantas pessoas estão prontas para fazer renda extra na agremiação, principalmente através da venda de produtos e prestação de serviços. 

A 39º edição da folia do Galo acontece no próximo sábado (6) e arrasta uma multidão estimada em aproximadamente 2,5 milhões de pessoas de todas as classes sociais. É justamente por isso que, do vendedor ambulante ao proprietário do camarote, o Galo é negócio para todo mundo. “Pensando na geração de empregos direta, há oportunidades para estilistas, costureiras, bordadeiras, coordenadores de desfile, músicos, bailarinos, figurantes e cozinheiros, entre outros”, comenta o presidente do clube de máscaras Galo da Madrugada, Rômulo Meneses.

A estimativa é que cerca de 4.500 profissionais trabalhem ligados ao bloco. Quase a totalidade dessas pessoas começa a atuar no mês de setembro, muito antes do dia do desfile, quando a festa começa a tomar forma. Por motivos estratégicos, a organização do bloco não divulga o faturamento da organização, apurado com patrocinadores e única fonte de renda do Galo da Madrugada. 

Além dos trabalhadores contratados formalmente pelo Galo, há outros atuando de maneira independente, que costumam se espalhar pelas ruas em que a festa acontece até mesmo com um dia de antecedência, para garantir um lugar privilegiado e faturar mais na hora da folia. E haja óculos de sol, fantasias de Carnaval, acessórios de cabelo, bebidas, confetes, serpentinas, os famosos churrasquinhos e até pen-drives para dar conta dos desejos dos foliões ansiosos por brincar. 

Vendedor ambulante, Antônio Dias, 54, tem o Galo da Madrugada como um velho companheiro de trabalho. Dos 39 carnavais em que ocorreram o desfile, ele esteve presente em 30. “Vendo fantasias para criança, e as que mais saem são as de super-heróis como o Batman. Venho para cá porque consigo vender quase o triplo de um dia normal de atividades no Centro”, relata. Nas mãos de Antônio, as roupas variam de R$ 20 a R$ 40. Cláudia Maria, 45, também é comerciante veterana, e já participa há 15 anos da festa. “Ano passado eu vendi tudo num instante aqui no Centro mesmo, mas este ano acho que vão sobrar mais fantasias, e o Galo vai ser uma ótima forma de negociar”, diz. 

Costume de uns, estreia de outros. Pela primeira vez, o ambulante Joelson Cruz, 20, deve experimentar o desfile do Galo para vender bebidas. “Primeiro pensei em passar o Carnaval no interior com a família. Mas acho que, no Galo, vou conseguir vender bem e tirar um dinheirinho extra”, comenta. “Água vai custar R$ 2, e o latão vou vender por R$ 7. Gastei R$ 500 com as bebidas e quero tirar pelo menos uns mil reais na festa”, completa o vendedor.

Camarotes cada vez mais profissionais - Enquanto a folia acontece pelas ruas, do alto, nos camarotes, também há carnavalescos curtindo a festa, inclusive com muitas regalias extras. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, em 2016, 58 empresários entraram com pedidos de atestado de regularidade para montar suas estruturas apenas durante a festividade do Galo. Do total de estruturas, 51 se encontravam totalmente regularizadas até a última quinta-feira (28), e outras sete ainda estavam realizando ajustes. 

“Há uma série de regras que os camarotes precisam cumprir para funcionar, e o Corpo de Bombeiros está realizando vistorias tanto nos projetos quanto na montagem das estruturas físicas. Quem não conseguir se adequar dentro do período proposto não pode funcionar, e o folião precisa estar atento a essas irregularidades”, disse a assessoria de comunicação do Órgão. 

Já tradicional no bloco, o Camarote Downtown Pub é uma das opções. Em sua 14º edição, montará sua estrutura na Praça Sérgio Loreto, bairro de São José, e oferecerá open bar de whisky, cerveja, refrigerante, água e outros drinks. “Contaremos também com praça de alimentação e shows internos. Neste ano, estamos com quatro atrações, que são as bandas Citrus Clube, D’ Brek, Banda Leva e a Soundpack”, explica o sócio-diretor do camarote, Tito Saraiva. A capacidade do espaço é de 2 mil pessoas e, quem optar pelos serviços, paga R$ 320 (masculino) ou R$ 300 (feminino). Até a última quinta-feira, apenas 15% dos ingressos não haviam sido vendidos. 

Outro camarote que faz a festa do público é o Pit Stop da Folia, que está em seu 9º ano. Além do open bar, oferta buffet de salgados, serviços de customização de abadás e de maquiagem para os carnavalescos. O camarote suporta 600 pessoas e os ingressos custam R$ 280. Neste ano, as vendas devem recuar um pouco em relação ao ano passado. “O normal é vender tudo, mas neste ano de crise, acho que ainda vão sobrar 10% dos ingressos”, estima a administradora do bloco, Viviane Borges.


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