O Estaleiro Vard Promar, em operação no Complexo de Suape, será denunciado no Ministério Público do Trabalho pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE). De acordo com a entidade, dos 1,6 mil colaboradores da empresa mil são terceirizados desempenhando atividades fim no setor. Na última quina-feira, os operários paralisaram as atividades no estaleiro reclamando do descumprimento de direitos trabalhistas.
“Na próxima segunda-feira uma comissão de trabalhadores será recebida pela diretoria do Vard Promar para discutir os problemas de terceirizadas como Conav, Euromarine, Petronav, MCM, Petrovalores e Copex. Várias dessas empresas estão sem disponibilizar vale-alimentação, além de atrasar o pagamento de salários”, diz o presidente do Sindimetal, Henrique Gomes.
Outra reclamação do Sindmetal é a contratação de profissionais estrangeiros e de outros Estados para ocupar funções no Vard Promar, em detrimento da mão de obra local que foi treinada para ocupar as vagas no Polo Naval de Suape. No final do ano passado, trabalhadores demitidos do Estaleiro Eisa Petro I (antigo Mauá), no Rio de Janeiro, desembarcaram no Estado em busca de empregos no estaleiro pernambucano.
O presidente do Sindmetal teme pelo agravamento da degradação do setor no Estado. “A situação já é de desemprego em massa e de perda de encomendas pelas empresas. Se as terceirizadas dominarem o setor e cortarem direitos a situação vai ficar insustentável”, observa Henrique.
DESEMPREGO
A indústria naval é o setor que mais vem sofrendo o impacto negativo não só da recessão, mas do programa de desinvestimento da Petrobras. No ano passado, o número de trabalhadores demitidos ultrapassou os 3 mil, principalmente no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que suspendeu o contrato com a Sete Brasil para a qual deveria construir sete navios-sonda. Sem a encomenda a empresa reduzir o quadro de funcionários e diz ter ficado com um furo de caixa de R$ 1 bilhão.
No final do ano passado, a Transpetro anunciou o cancelamento de três navios da encomenda de oito navios gaseiros do Vard Promar e de 11 petroleiros do pacote de 22 embarcações do Atlântico Sul. As perdas no setor têm puxado para baixo o desempenho da indústria de transformação e, consequentemente, o PIB de Pernambuco.
NOTA MCM
Em nota encaminhada ao JC, a MCM Montagens Industriais informa que todos os operários "estão com suas questões trabalhistas em conformidade com a lei. A empresa reitera que cumpre e honra todos os compromissos e que os trabalhadores que prestam serviços ao Estaleiro Vard Promar também estão com o ticket alimentação e os salários em dia. A MCM também reafirma o comprometimento com a contratação de profissionais que residem na localidade. Inclusive, uma das práticas da empresa é capacitar e oferecer oportunidades profissionais para os trabalhadores dessa região. A empresa se coloca à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento, disponibilizando as informações necessárias para o órgão competente".