Conjuntura

Setor industrial derrubou o PIB de Pernambuco em 2015

Queda de 6,6% da produção contribuiu para o PIB encolher 3,5% no ano passado

Da editoria de economia
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Publicado em 24/03/2016 às 12:10
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Queda de 6,6% da produção contribuiu para o PIB encolher 3,5% no ano passado - FOTO: Ricardo B.Labastier/JC Imagem
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O desempenho negativo da indústria arrastou para baixo o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco em 2015, que fechou em -3,5%. O resultado é um pouco melhor do que o nacional (-3,8%), mas representa a primeira queda do PIB nos últimos 23 anos. A crise no polo naval, o encolhimento da construção civil e a retração do setor de bebidas contribuíram para derrubar em 6,6% a atividade industrial. O resultado foi divulgado ontem pela Agência de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem).

“A redução do PIB era esperada. Foi um resultado muito ruim, mas próximo do que aconteceu no Brasil e no Nordeste. É uma situação muito preocupante porque não é uma questão pontual. Isso mostra claramente as nossas preocupações. No caso de Pernambuco, houve redução em setores essenciais como o setor de serviços. O comércio teve uma queda expressiva e a construção civil, que impulsionou o PIB nos últimos anos, também teve uma queda muito grande. Isso é fruto da paralisia do País desde o ano passado, que gerou incerteza e essa desconfiança fez com que as pessoas pisassem no freio. A gente fica preocupado porque a paralisia do Brasil continua”, diz o governador Paulo Câmara.

Além de ser afetado pela conjuntura e a recessão, Pernambuco é impactado pela crise que se abate sobre a Petrobras. Investigada na operação Lava Jato, a companhia adiou a retomada do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e cancelou encomendas de 11 navios do Estaleiro Atlântico Sul e dois do Vard Promar.

“Observando do último trimestre de 2015 para cá, a situação da indústria vem se agravando. No 4º trimestre caiu 8% e em janeiro deste ano a retração foi de 29,4%. Mas não é o fim do mundo. O investidor estrangeiro aposta na economia brasileira no médio e no longo prazo. E a crise também não dura para sempre”, observa o Gerente do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Federação das Indústrias de Pernambuco, Thobias Silva.

O presidente da Condepe/Fidem, Flávio Figueiredo, defende que mesmo com os problemas conjunturais, a economia pernambucana é mais forte hoje do que há 10 anos. “A matriz industrial se desenvolveu, com a entrada de novos setores a exemplo do automotivo, vidreiro, refino e a própria indústria de alimentos”, diz, destacando que o PIB em valor fechou em R$ 155 bilhões.

Principal setor produtivo de Pernambuco, os serviços registram queda de 2,7%, puxado principalmente pela retração no comércio (-8%) e nos transportes (-5,2%). “O desempenho do comércio é o reflexo da renda e do nível de confiança da população. Hoje as pessoas estão destinando a renda para alimentação, habitação e transporte não restando folga no orçamento”, avalia o economia do Instituto Fecomércio, Rafael Ramos.

Segundo a Confederação nacional do Comércio (CNC), 100 mil lojas fecharam no Brasil, sendo 2 mil em Pernambuco. Setores de maior valor agregado e mais dependentes de crédito sofreram os maiores impacto, a exemplo de material de informática (30,6%), móveis (19,1%), veículos (19%) e material de construção (9,2%).

O único setor a registrar crescimento foi a agropecuária, com alguns segmentos se beneficiando da alta do dólar, a exemplo da fruticultura do Vale do São Francisco.

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