Rio Grande do Norte

Agricultor recolhe jumentos abandonados nas estradas

Após três anos de trabalho, 800 animais vivem divididos em duas propriedades na cidade de Apodi

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 17/07/2016 às 8:15
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Após três anos de trabalho, 800 animais vivem divididos em duas propriedades na cidade de Apodi - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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O agricultor Eribaldo Nobre começou a recolher jumentos abandonados nas proximidades de Apodi, no Rio Grande do Norte há cerca de três anos. Atualmente, possui 800 jumentos em duas fazendas sob a sua guarda. Os animais machos ficam numa propriedade emprestada por um fazendeiro da região e as fêmeas, em outra. “Mais de 90% dos jumentos que recolhemos não têm dono. É com muita dificuldade que conseguimos mantê-los, mas o apego com Deus resolve tudo”, diz o presidente da Associação Protetora dos Animais de Apodi (APA), Eribaldo Nobre, à frente da única instituição que recolhe jegues abandonados naquele Estado.

Ele também acolheu 500 cachorros e 500 gatos, mas no caso dos bichinhos domésticos, a Associação de Proteção dos Animais de Mossoró ajuda, fornecendo alimentação, funcionários e a manutenção da estrutura da fazenda. “Agora, para manter os jumentos, só conto com Deus. Se produzir 300 toneladas de alimentos, 100 são usadas para custear os jumentos”, diz. Ele faz agricultura irrigada, plantando melancia, milho, sorgo “e o que vier na cabeça”. 

Mas o que faz uma pessoa dedicar parte da sua renda e tempo aos animais abandonados? “Tenho amor não só aos jumentos, mas a todos os animais abandonados.” Ele defende que uma das formas de diminuir a quantidade de jumentos seria a comercialização da carne dos animais. “Aí envolve uma questão cultural. A carne teria que ser exportada, porque internamente as pessoas não querem consumir jumento”, pondera. 

Nos frigoríficos mais modernos, os animais bovinos são mortos de uma maneira indolor. “O jumento tem o mesmo direito do boi. Por isso, defendo que se houver o abatimento do jumento deveria usar uma técnica sem dor”, defende Eribaldo. O agricultor também argumenta que uma parte da população nordestina pode estar consumindo carne de jumento sem saber. “Nas cidades do interior, o maior comércio de carne clandestina é do jumento que está abandonado por aí”, denuncia.

Nos últimos três anos, a APA já recolheu dois mil jumentos. Cerca de 1,2 mil morreu, nos últimos três anos, por causa da estiagem, que deixou os bichos sem comida nas fazendas.

Apodi é uma região que produz frutas irrigadas e está no quarto ano consecutivo de seca. “As autoridades querem que o jumento morra de fome e ninguém se preocupa com isso”, lamenta. 

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