PROJEÇÕES

Economia do Brasil vai parar de piorar, segundo economistas

A expectativa é de que ocorra crescimento da atividade econômica a partir do segundo semestre de 2017

Da editoria de economia
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Publicado em 31/07/2016 às 8:01
Foto: Márcia Mendes/Acervo JC Imagem
A expectativa é de que ocorra crescimento da atividade econômica a partir do segundo semestre de 2017 - FOTO: Foto: Márcia Mendes/Acervo JC Imagem
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É consenso. O capitalismo é cíclico e, mesmo considerando todos os erros cometidos na política econômica brasileira nos últimos quatro anos, uma hora a crise vai acabar. Por enquanto, porém, a expectativa é que o País pelo menos pare de piorar. Segundo especialistas, o Brasil deixará a fase mais crítica da atual crise no segundo semestre do ano que vem. 

Mas isso ainda não significa que o Produto Interno Bruto (PIB) vá começar a crescer de imediato. Vai, sim, cair menos, segundo economistas e até instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O FMI estimou, há quinze dias, que ocorrerá uma queda de 3,3% na economia brasileira este ano, enquanto a projeção anterior indicava uma queda de 3,8% em abril. 

“Ocorreram estimativas de que o PIB poderia cair até 3,9% este ano. Estamos percebendo que a economia mostra sinais de recuperação. No entanto, uma queda de 3% (do PIB) é forte para uma economia do tamanho do Brasil”, resume o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. 

A economia é composta por algumas variáveis tangíveis que medem o desempenho de setores como o comércio e a indústria; o desemprego; a inflação e também por expectativas reveladas em pesquisas que medem a confiança dos empresários e até dos consumidores. O que contribuiu para projeções ficarem menos negativas foram as expectativas que mudaram nos últimos dois meses e alguns indicadores, como a inflação que está em queda. 

Até abril último, o IPCA – que mede a inflação oficial do País – estava em torno de 10% no acumulado dos últimos 12 meses. Agora, a expectativa é de que chegue a 7% este ano, de acordo com projeções do Banco Santander.

“A queda da inflação abre espaço para uma redução da taxa de juros, que melhora a confiança do empresariado com relação ao investimento”, diz o economista do banco Rodolfo Margato. Economista da Austin Rating, Alex Agostini acredita que a melhora do cenário econômico será constante a partir da metade de 2017 “mesmo que de forma moderada.” Ele afirma que o crescimento do PIB em 2017 deve variar de 0,7% a 1%, quando as projeções anteriores apontavam crescimento zero em 2017.

Economistas acreditam que o emprego será o último a reagir na atual crise econômica do País. “O emprego é uma consequência do crescimento do PIB. O Brasil vai levar 10 anos para recuperar a quantidade de pessoas ocupadas que tinha em 2014. E isso só vai ocorrer se houver um crescimento da economia entre 3% e 4% ao ano”, diz o ex-presidente do Conselho Federal de Economia José Luiz Pagnussat.

Na última sexta, o IBGE divulgou a Pnad, ampla pesquisa sobre o mercado de trabalho. De acordo com o estudo, o Brasil registrou o fechamento de 1,486 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano até o final do segundo trimestre. Existem hoje, no País, 11,5 milhões de desempregados. São pessoas que só serão inseridas no mercado quando o País voltar a crescer. Ou seja, quando as indústrias estiverem produzindo mais, o comércio vendendo mais e, claro, as pessoas consumindo mais.

EMPREGO VAI DEMORAR A VOLTAR

“Numa previsão muito otimista, o emprego volta a se recuperar em patamares próximos ao antes da crise lá para o final desta década. O custo de demissão é alto e isso cria uma barreira à admissão. Os empresários só vão voltar a contratar, quando realmente a demanda aumentar. Por enquanto, podem aumentar as horas extras”, analisa o economista da FGV Mauro Rochlin, também professor dos MBAs da instituição.

“Mesmo com o PIB voltando a crescer, vai continuar a contração dos salários, haverá menos consumo. Não há o perfil de uma recuperação vigorosa. Ela ocorrerá aos pouquinhos”, conclui Rodolfo Margato, do Santander.

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