O Complexo de Suape não quer deixar passar a oportunidade de se beneficiar pela ampliação do Canal do Panamá, mas vai depender da agilidade do governo federal para licitar obras necessárias para que o porto tenha condições de se transformar num concentrador de cargas. A mesma estratégia é perseguida por outros portos no País, de olho no aumento da competição por cargas do lado do Atlântico.
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O secretário de estadual de Desenvolvimento Econômico e presidente do Porto de Suape, Thiago Norões, adianta que já solicitou à Secretaria Especial de Porto (SEP) – responsável pelas licitações – a revisão do projeto de viabilidade do segundo terminal de contêineres (Tecon 2) do complexo. “O novo terminal já deverá ter cais mais longo e calado maior nos berços para receber os neo panamax. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) poderá fazer essa atualização, o que seria um marco para o edital, além de financiar as empresas interessadas na obra”, destaca.
Essa atualização do projeto deverá durar 60 dias e a previsão é que o Tecon 2 seja licitado no início de 2017, colocando fim numa espera de seis anos, uma vez que o novo terminal vem sendo discutido desde 2011. A obra está orçada em R$ 900 milhões e terá capacidade para movimentar 1 milhão de TEUS (medida utilizada para calcular o volume do contêiner). Hoje, o Tecon tem condição de movimentar 700 mil TEUS, mas no ano passado fechou em 398 mil TEUS. De janeiro a julho deste ano houve uma queda de 8,2% em relação a igual período de 2015, em função da retração da demanda provocada pela crise econômica nacional.
INFRAESTRUTURA
“Apesar da recessão, continuamos sendo visitados por investidores interessados no Tecon 2. É uma licitação que tem tudo para dar certo”, aposta Norões. Na avaliação do secretário, Pernambuco está localizado do lado mais competitivo do litoral no oceano Atlântico. Atualmente Suape recebe navios com carga de até 9 mil toneladas, mas com o Tecon 2 poderá receber de até 13 mil toneladas.
“Suape tem uma grande oportunidade de movimentar grãos produzidos no sul do Maranhão e no Tocantins, mas isso depende da conclusão da Transnordestina. Essa carga teria que vir dos Estados pela ferrovia e ser reembarcada para o mundo pelo porto. Mas a conclusão da obra foi adiada para 2020. Se em 10 anos de obra só 53% foi finalizado, imagine se for necessário mais uma década?”, questiona o especialista em logística Marcilio Cunha.