As operadoras de planos de saúde perderam 1,9 milhão de usuários entre dezembro de 2014 e junho de 2016, segundo o presidente da Regional Nordeste da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge-NE), Flávio Wanderley. “De uma maneira geral, perdemos cerca de 500 mil usuários a cada um ponto percentual de queda no Produto Interno Bruto (PIB)”, explica. O PIB mede a riqueza produzida num determinado lugar. No ano passado, o PIB brasileiro registrou uma queda de 3,8% e este ano a previsão é de que ocorra uma performance de -3,2% na economia nacional.
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O que mais contribuiu para a saída desses usuários dos planos foi o desemprego. “Dos atuais 11,6 milhões de desempregados, esses 1,9 milhão tinham plano de saúde e foram para o Sistema Único de Saúde (SUS) porque ficaram sem condições de pagar pelo serviço”, diz. Ele argumenta que a saída dos usuários dos planos de saúde tende a diminuir, porque os indicadores econômicos estão apontando alguns sinais de recuperação da economia. “O setor está trabalhando com afinco para os clientes começarem a voltar”, diz, acrescentando um leque de iniciativas que incluem desde a negociação da operadora com o cliente inadimplente até iniciativas de promoção à saúde que fazem a prevenção de doenças como a diabetes.
Ele cita que as empresas vão tentar reduzir os gastos desnecessários. “Nos países desenvolvidos, são realizados 8,2 exames suplementares por ano. No Brasil, são 14,7 exames feitos. Desses, 34% dos usuários não buscam o exame no laboratório, o que é um desperdício”, afirma. Wanderley também considera exemplo do desperdício a colocação de uma prótese que é mais cara porque tem uma durabilidade de 50 anos numa senhora de 90 anos que poderia receber uma prótese que durasse menos tempo.
CENÁRIO
Em 2014, os planos de saúde tinham 50 milhões de usuários. Hoje, são 48,1 milhões de clientes, dos quais 70% estão nos planos coletivos e 30% nos individuais. São 1.294 empresas que prestam esse tipo de serviço no País. Em Pernambuco, são cerca de 1,1 milhão de usuários.
O setor de plano de saúde gastou R$ 102 bilhões em 2015. Este ano, deve gastar R$ 105 bilhões. Wanderley argumenta que isso ocorre porque a inflação do serviço ficou em 14,7%, comparando os últimos 12 meses terminados em setembro último. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA ficou em 8,47%.
O executivo revela que o setor pretende reduzir a judicialização, responsável por 15% da demanda dos planos de saúde. “Se não houvesse a judicialização, o preço do serviço poderia ser 10% mais baixo”, revela. Wanderley se refere às decisões judiciais que obrigaram as operadoras a fazer determinados procedimentos que não estavam sendo liberados pelos planos de saúde.