CRISE HÍDRICA

Vazão de Sobradinho vai impactar a produção de frutas do Vale

A vazão vai passar para 700 metros cúbicos por segundo na segunda quinzena de novembro

Da editoria de economia
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Publicado em 02/11/2016 às 9:01
Foto: JC Imagem
A vazão vai passar para 700 metros cúbicos por segundo na segunda quinzena de novembro - FOTO: Foto: JC Imagem
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A redução da vazão do Lago de Sobradinho para 700 metros cúbicos por segundo vai diminuir a produção de frutas abaixo do reservatório, segundo o presidente da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. Pelo menos 8 mil produtores de frutas do Estado estão instalados abaixo do reservatório. “A nossa preocupação é grande. Todos os produtores terão que gastar mais para captar a água. Quem não tiver condições de investir, pode ficar sem água e até parar a produção”, explica Gualberto. O polo é um dos maiores produtores de uva e manga do País.

Ainda de acordo com Gualberto, os produtores do perímetro irrigado Nilo Coelho, em Petrolina, não serão tão afetados pela redução da vazão, porque captam a água do Lago de Sobradinho e têm uma estrutura para fazer uma captação menor. “Serão atingidos os produtores de vinho, instalados em Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande”, conta. Os produtores do Vale do São Francisco respondem por 95% da exportação de uvas do Brasil e pelo menos 70% da manga enviada ao exterior. Anualmente, essa exportação movimenta entre US$ 350 milhões e US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão). No pico da safra – entre agosto e dezembro –, cerca de 25 mil pessoas trabalham nessa produção. 

DATA

A vazão de Sobradinho está em 800 metros cúbicos por segundo atualmente, sendo a menor da sua história. A data que vai passar para 700 metros cúbicos por segundo será definida numa reunião na próxima segunda-feira que vai contar com a participação de representantes da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Ibama, Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros. “A nossa expectativa é de que nessa reunião, o Ibama nos dê uma autorização definindo as condições para a redução da vazão, a qual deve ocorrer na segunda quinzena de novembro”, diz o diretor de Operações da Chesf, João Henrique Franklin. 

A diminuição da vazão também impacta a produção de energia nas hidrelétricas que a Chesf tem no São Francisco. Atualmente, essa produção média é de 2,3 mil megawatts (MW) médios. Quando for reduzida a vazão, essa média ficará em 2,1 mil. “A prioridade da bacia não é mais a geração de energia elétrica, mas atender a outros usos, especialmente o abastecimento humano”, conta João Henrique. Ele explica que a energia que não será gerada vai ser comprada de um outro produtor e, posteriormente, essa despesa será rateada entre todos os geradores hidrelétricos. Depois, esse custo será cobrado na conta de todos os brasileiros. 

“Não há qualquer possibilidade de racionamento de energia”, afirma João Henrique. Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho deve chegar com 3% do seu volume útil de água em dezembro. No último mês do ano passado, esse percentual ficou em pouco mais de 1%. 

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