Recife tem um alto potencial empreendedor, mas o ambiente de negócios não está favorável para quem investe. A constatação está na terceira edição do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2016, realizado pela ONG Endeavor. Num ranking de 32 cidades, a capital pernambucana aparece em 18° lugar. Apesar de continuar apresentando o melhor resultado do Nordeste, Recife despencou 14 posições em relação a 2015 quando estava em 4° lugar. Foi a maior queda entre todas as cidades.
O desempenho do Recife preocupa porque a cidade registrou queda nos sete pilares que mais impactam no ambiente do empreendedorismo (ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora).
“Todas as cidades pesquisadas foram afetadas pela recessão econômica, mas Recife sentiu mais. O que se percebe é que a capital tem um grande potencial empreendedor, mas as condições oferecidas não são favoráveis. Está difícil empreender na cidade porque falta um ambiente de negócios propício desde as questões de edição, passando pela infraestrutura e chegando a segurança”, observa Júlia Dias, coordenadora da operação da Endeavor no Nordeste.
Existe um ecossistema empresarial brigando para crescer num ambiente adverso. A tarifa de energia elétrica subiu 10% (enquanto na média nacional foi de 2%); o ritmo de expansão da banda larga de alta velocidade foi o mais lento entre todas as cidades e a insegurança aumentou, com a taxa de homicídios atingindo 44 para cada 100 mil habitantes. “Outro dado preocupante foi o fechamento de 26 mil matrículas no ensino técnico. Um retrocesso porque em 2015 Recife foi case de educação no ensino técnico”, destaca Júlia.
NOVA GESTÃO
Este ano, a Endeavor conversou com os principais candidatos a prefeito do Recife e teve de Geraldo Julio a promessa de que a gestão municipal vai se aproximar dos empreendedores, facilitando processos como a abertura de empresas e contratação de pessoal. Na cidade, o tempo para abrir uma empresa é de 151 dias, enquanto a média brasileira é de 117 dias.
Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Empreendimento do Recife diz que dois novos critérios de avaliação contribuíram para o recuo da cidade: fluidez no trânsito e obrigações acessórias municipais. “Apesar da queda na pontuação, o Recife ainda é a melhor cidade para empreender no Nordeste e ainda se destaca na área de inovação. A crise econômica e a necessidade de redução dos gastos públicos desaceleram alguns programas”.