O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) vai passar a produzir cinco medicamentos novos via Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), um programa do governo federal que estimula a produção de toda a cadeia de medicamentos em território nacional. A partir de meados de 2017, a estatal fabricará os antipsicóticos: clozapina, quetiapina e olanzapina. Os três são usados no tratamento da esquizofrenia e transtorno bipolar. No próximo ano, começa a PDP para a fabricação de mais dois medicamentos antirretrovirais –utilizados no tratamento de pessoas com o vírus da aids – cuja a implementação total será concluída em até cinco anos. A estatal vai investir R$ 25 milhões nos próximos dois anos para produzir os dois antirretrovirais.
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“Esse investimento pode ser usado para fecharmos mais PDPs”, conta o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas. Atualmente, o Lafepe produz 10 remédios. “Os PDPs vão permitir ao Brasil ficar mais independente das multinacionais, porque estabelece que tanto a produção do medicamento quanto a fabricação da sua matéria-prima sejam feitas no País. Geralmente, a matéria-prima (dos remédios) vem pronta do exterior”, conta o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas.
Segundo ele, o Lafepe será o primeiro laboratório público a concluir todas as etapas de uma PDP. Nesse tipo de parceria, é escolhida pelo Ministério da Saúde uma empresa (que pode ser brasileira ou estrangeira) para vender o medicamento por cinco anos a um laboratório nacional que vai receber também a transferência de tecnologia dentro do mesmo prazo. As PDPs contemplam somente a produção de medicamentos distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os recursos recebidos com a venda do medicamento são usados para comprar o medicamento, a transferência de tecnologia, a compra de equipamento, treinamento de pessoal, entre outros.
A PDP realizada para a produção dos antipsicóticos gerou uma receita adicional de R$ 250 milhões por ano ao Lafepe desde 2011, quando foi iniciado o processo da parceria. Para concretizá-la foi investido R$ 34,5 milhões em equipamentos e treinamento de pessoal, entre outras. Com a produção dos antipsicóticos, o Lafepe vai sair de uma produção anual de 100 milhões de comprimidos para 270 milhões de unidades por ano.
Já a implantação da PDP dos dois antirretrovirais (o ritonavir comprimido de 100mg termoestável e tenofovir 300mg + lamivudina 300mg) vai gerar mais R$ 100 milhões adicionais de receita anual a partir do segundo semestre do próximo ano, o que significa R$ 50 milhões em 2017.
RECEITA
Atualmente, a receita da estatal é de R$ 300 milhões anuais, dos quais 95% são medicamentos vendidos ao Ministério da Saúde. Eles são utilizados no tratamento da Aids, mal de Chagas, cólera, entre outros. O Lafepe registrou um lucro líquido de R$ 7 milhões em 2015. O laboratório também tem 37 farmácias e emprega 584 colaboradores.
“Temos sempre que pesquisar novas substâncias, porque o que é usado hoje, pode não ser amanhã. A nossa intenção é buscar novas parcerias, inclusive com as empresas que vão se instalar em Pernambuco”, diz Dantas. Ele estava se referindo aos laboratórios Aché e Biomm que já anunciaram novas fábricas locais de medicamentos.