Indústria

Mexicana Alpek poderá alavancar o complexo petroquímico de Suape

Expectativa é que uma das líderes do setor de poliéster turbine a área têxtil

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 30/12/2016 às 15:17
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Expectativa é que uma das líderes do setor de poliéster turbine a área têxtil - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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A venda da Complexo Petroquímico da Petrobras em Pernambuco para a mexicana Alpek vai significar a consolidação de um empreendimento que até então estava subaproveitado. Com investimento de R$ 9 bilhões, o polo é um dos projetos estruturadores com capacidade de transformar a economia e a matriz industrial do Estado, mas que a estatal não conseguiu viabilizar nem economicamente nem estrategicamente. Quando foi anunciado, a principal aposta era na capacidade de empurrar o crescimento da cadeia têxtil, mas foi exatamente a fábrica de fios de poliéster que não avançou.

O empreendimento, que seria o maior polo integrado têxtil da América Latina, não atingiu nem 10% da sua capacidade. Das 64 máquinas que fazem o acabamentos dos fios, apenas seis estão em funcionamento. Em julho de 2010 entraram em teste as duas primeiras e a previsão era que a totalidade estivesse rodando em 2012. Não aconteceu. A proposta era produzir o fio de poliéster e depois fazer o acabamento do fio.

“Acreditamos que foi uma decisão política da Petrobras não avançar com o processo de fiação. Talvez porque já estivesse negociando com a Alpek e não quisesse entrar em concorrência com a empresa”, sugere o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de Ipojuca (Sindtêxtil Ipojuca), Rodrigo dos Santos, afirmando que as máquinas estão ficando sucateadas na fábrica em Suape.

Com 23 fábricas em seis países, a Alpek é a maior fabricante de poliéster da América Latina. “A venda para a companhia mexicana é uma notícia auspiciosa para Pernambuco, porque o projeto tem muito potencial de crescimento. O Brasil importa 180 mil toneladas de fios de poliéster por ano, principalmente do México, da Índia e da Europa. Além de atender a essa demanda interna, o complexo também poderá exportar o excedente”, defende o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Pernambuco (Sindtêxtil-PE), Oscar Rache.

Na avaliação do empresário, a produção dos fios e o processo de texturização (acabamento) com todas as 64 máquinas funcionando tem capacidade para gerar mais de 1,5 mil empregos no Estado. Hoje, o complexo emprega 400 pessoas diretamente (concursados), além de mil terceirizados.

Rache não acredita que empresas da cadeia têxtil se instalem em Pernambuco por conta da produção local de fios. “Hoje a logística é simples e os fios produzidos aqui podem ser vendidos para todo o Brasil, além de exportados”, afirma. Quando foi anunciado, a expectativa era de que pelo menos 600 empresas da cadeia se instalassem no Estado em função do empreendimento. Na lista apareciam desde empresas do setor têxtil, até fabricantes de cordas para navios e de cintos de segurança.

PET

Projetado para ser construído em parceria com a italiana Mossi & Ghisolfi (M&G), o complexo da Petrobras acabou fazendo concorrência à empresa. Fabricante de resinas PET, a M&G seria a principal cliente da PQS na compra de PTA (matéria-prima do PET). No projeto inicial da estatal, a previsão era que o complexo fosse integrado por uma fábrica de PTA e outra de fios de poliéster. Mas a companhia decidiu incluir uma unidade de resinas PET, produzindo porta a porta o mesmo produto da M&G.

Desde que iniciou sua operação, o complexo petroquímico é deficitário. No ano passado, o prejuízo da PQS e da Citepe somou R$ 1,6 bilhão. A Alpek comprou a operação por US$ 385 milhões, bem abaixo dos R$ 9 bilhões investidos. No dia 31 de janeiro a Petrobras realiza uma assembleia extraordinária de acionista para aprovar a venda de 100% de sua participação no complexo.

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