O Brasil está entre os países com mais feriados no mundo e também cultiva a fama de ser uma nação que não dispensa um descanso. Mas os dias em casa têm custo para os setores econômicos. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estima que a indústria brasileira vai deixar de ganhar R$ 66,8 bilhões com os doze feriados previstos para 2017. No Estado, a Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) ainda vai fazer o cálculo, mas a previsão é que repita os R$ 909 milhões de perdas de 2016.
Em 2017, o Brasil terá, oficialmente, nove feriados nacionais e cinco pontos facultativos. Desses pontos facultativos, por tradição, três viraram feriado em todo o País: segunda e terça-feira de Carnaval e Corpus Christi. Dos 12 feriados de 2017, 11 vão cair em dia de semana, um a mais do que no ano anterior.
A Firjan afirma que as datas significas elevado custo econômico para a indústria, paralisando a grande maioria das fábricas ou aumentando os custos das que têm processos de produção contínuos. Em um contexto de forte recessão econômica como o atual essa discussão se torna ainda mais grave. Os dias parados também significam perda de arrecadação de R$ R$ 27,6 bilhões no ano. Cada feriado nacional representa uma perda de arrecadação de R$ 2,5 bilhões.
PERNAMBUCO
“O levantamento da Firjan é baseado no cálculo do faturamento e no impacto de um dia parado. Com o aumento dos custos puxados pela inflação e a queda na produção, o custo econômico dos feriados no Estado deverá se manter no patamar de R$ 900 milhões. Se a ocorrência for em dias como quintas e terças, por exemplo, o custo é ainda maior por consta dos ‘imprensados’”, observa o Gerente do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Fiepe, Thobias Silva.
A empresária Marcelle Sultanum - dona da indústria pernambucana de cosméticos Rishon - diz que os feriados são negativos para a indústria e contribuem para uma diminuição no ritmo de produção. “Dependendo da situação do nosso estoque nós liberamos os profissionais nos imprensados, por exemplo, para compensar com banco de horas em outra ocasião. Mas a indústria perde com essas várias lacunas ao longo do ano”, afirma.
Thobias defende que o Brasil deveria reciclar as regras o mercado de trabalho para evitar que os feriados fossem considerados momentos de descanso tão importantes para o trabalhador. “O mercado deveria ser mais flexível, como acontece na Europa e nos Estados Unidos, onde as pessoas trabalham por produção e por projetos e podem programar suas jornadas”, sugere. O fato de a indústria brasileira ser muito voltada para o mercado interno, também impacta o comércio. Este ano, a estimativa do setor é acumular perda de R$ 10,5 bilhões com os dias parados.