SECA

Energia vai ficar mais cara em maio

Dessa vez, é a falta de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste que estão contribuindo para a alta

Da editoria de economia
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Publicado em 11/04/2017 às 8:01
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Dessa vez, é a falta de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste que estão contribuindo para a alta - FOTO: Foto: JC Imagem
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O  consumidor pode ir preparando o bolso. A conta de luz ficará mais cara para os pernambucanos a partir do dia 29 de abril, quando entra em vigor o reajuste da Celpe. Mas não vai parar por aí. A seca do Sudeste vai deixar a energia com o preço mais alto durante todo o segundo semestre de 2017 por causa de um número maior de térmicas que deve entrar em operação, como sinalizou ontem o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho. O governo federal já está analisando a possibilidade de lançar uma campanha do uso consciente da energia com a finalidade de diminuir o consumo.

“O segundo semestre de 2017 deve ser bastante difícil do ponto de vista do fornecimento hídrico, mas não energético, pois nós temos energia para poder atender à população. Por ser um fornecimento que deverá depender de maior parcela de geração térmica, deverá ter um custo adicional”, disse ontem o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, no evento Concessões e Investimentos no Brasil: Novos Rumos, que ocorreu no Rio de Janeiro. Ele considera que o impacto da seca no custo de energia “deve ser perene” a partir de agora.


Em abril, todos os consumidores voltarão a pagar pela bandeira vermelha no patamar 1, implicando numa cobrança extra de R$ 3,00 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
O sistema de bandeiras estabelece uma cobrança extra na conta de energia já no mês seguinte, quando o custo da produção de energia fica mais alto, como quando ocorre quando as térmicas têm que produzir mais energia, substituindo as hidrelétricas que estão com os seus reservatórios em baixa. O motivo da alta é simples: as hidrelétricas produzem energia a partir da água, enquanto as térmicas utilizam o diesel ou o gás natural, que são mais caros, como matéria-prima.


A tendência é de que ocorra a cobrança da bandeira vermelha até novembro, segundo pelo menos dois diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No auge da crise hídrica de 2015, a bandeira vermelha chegou a ser cobrada no valor de R$ 5,50 no primeiro semestre daquele ano, quando entraram em operação as térmicas mais caras do sistema elétrico.
Segundo especialistas do setor, não há risco de racionamento de energia, porque as térmicas mais outros parques que foram instalados nos últimos anos, como os eólicos, dão conta do abastecimento.

AUMENTO


Além da bandeira vermelha de abril, os pernambucanos também terão o reajuste da Celpe que pode ficar em 2,35% para o cliente residencial da distribuidora, segundo números preliminares da Aneel. Os percentuais deverão ser definidos pela diretoria da agência numa reunião que vai ocorrer no próximo dia 25.

O consumidor também precisa prestar atenção na conta referente ao período de 1º a 30 de abril que deverá ter uma redução de 15,31% no preço porque será retirada, de uma única vez, uma cobrança indevida ligada à Usina Nuclear de Angra 3 que estava sendo embutida na tarifa.

Segundo uma simulação da Celpe, o valor com a tarifa reduzida de abril e mais a bandeira vermelha patamar 1 para um consumo de 100 kWh deve ficar numa cobrança de R$ 55,55 sem a taxa de iluminação pública para um consumidor residencial e com os impostos. Caso não houvesse a redução tarifária em função de Angra 3, esse valor seria de R$ 64,84.
Em maio, o consumidor residencial irá pagar o reajuste de 2,35% mais a bandeira vermelha patamar 1 e mais os 15% que foram retirados devido a cobrança indevida da energia de Angra 3 no período de abril de 2016 a março de 2017.

ARMAZENAMENTO

As regiões Sudeste e Centro Oeste respondem por quase 70% dos reservatórios usados na geração elétrica do País. O período seco (sem chuvas) nas duas regiões começa em maio e acaba em novembro. Os reservatórios do Sudeste-Centro Oeste estavam com 41,53% da sua capacidade de armazenamento anteontem.
No Nordeste, esse percentual estava em 22,14%, sendo 15,83% em Sobradinho, o açude que concentra quase 70% da água usada na geração de energia realizada nos nove Estados nordestinos. No ano passado, esse lago estava com 32,80% em março.

Sobradinho já está com a menor vazão da sua história: 650 metros cúbicos por segundo. A vazão ambiental correta do reservatório é de 1,3 mil metros cúbicos por segundo. A redução da vazão ocorreu para poupar água para o consumo humano e animal. A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) analisa a possibilidade de diminuir a vazão para 600 metros cúbicos por segundo devido à falta de chuvas na região que abastece o São Francisco.

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