Não é a Feira de Caruaru, mas de tudo que há no mundo, nela tem pra vender, parodiando o compositor Onildo Almeida com a canção eternizada na voz de Luiz Gonzaga. É a 18ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), que está ocorrendo no Centro de Convenções, em Olinda. São oferecidos produtos para todos os bolsos, indo de R$ 3 a mais de R$ 60 mil. O primeiro é um anel no estande da África. O segundo, uma escultura de um cavalo em tamanho natural com um vaqueiro montado que ainda está sendo esculpido pelo Mestre Nido de Sirinhaém.
Leia Também
“Ainda faltam dois meses para concluir essa peça, mas trouxe, porque se aparecer alguém querendo comprar, vendo”, diz Nido, cujo nome é Eronildo José Onorato. A escultura do cavalo e o vaqueiro pesa mais de 700 quilos. E a feira tem público que compre uma peça por R$ mais 60 mil?, perguntou a reportagem. “Acho que tem. No ano passado, vendi na Fenearte uma escultura, em tamanho natural, de Ariano Suassuna. Quem comprou foi Dr. Ricardo Brennand”, afirma, orgulhoso.
A escultura foi comercializada por R$ 25 mil. O artesão fez a peça para homenagear Ariano por quem “tinha muita admiração”.
Sobre a escultura do cavalo com o vaqueiro, ele diz: “Só vou colocar o preço na peça quando acabar de fazer”. Ainda no estande de Nido, está a venda uma escultura de um leão, também em tamanho natural, por R$ 8 mil.
Lá são encontradas ainda esculturas pequenas de pássaros em galhos, que custam entre R$ 10 e R$ 25. “Essas peças não são minhas. Fundei uma ONG e dou aula a 30 jovens para transformarem tronco de madeira em obra de arte”, revela. Nido não estudou escultura formalmente. “Um dia estava indo para a Praia de Porto de Galinhas e vi umas peças esculpidas na beira da estrada. Voltei pra casa e disse: posso fazer uma similar”, conta, acrescentando que pediu um formão (utensílio usado para esculpir) emprestado e começou a fazer peças de madeira.
PRODUTOS
Algumas das peças mais caras da Fenearte são as esculturas dos mestres populares que já se estabeleceram. No estande de Admilson Eudócio, filho de Manoel Eudócio – o homenageado desta edição, falecido no ano passado –, há um pau de arara de barro vendido por R$ 12 mil.
Em outro estande, um São Jorge esculpido por Roque Santeiro, de Petrolina, é vendido por R$ 5 mil. “É uma peça única e exclusiva feita num bloco só de madeira. Passo uns 20 dias fazendo uma peça dessa”, diz o escultor, que se chama Roque Gomes da Rocha. Ele trouxe 26 peças para expor na feira, incluindo sete encomendadas na feira passada. “É importante participar do evento, porque se consegue agenda para o ano inteiro”, conta.
Entre as peças mais baratas estão: batas indianas (no estande da Índia), por R$ 20; bonecas de barro de Silvano Eudócio (de Caruaru), por R$ 5; boizinho de bumba meu boi, por R$ 8; miniaturas de galinhas de barro com três pintinhos, por R$ 4, além dos tradicionais paninhos bordados de bandeja que saem por R$ 10 (três unidades), jogo de banheiro, por R$ 20, entre outros.
No estande do município de Tacaratu, há bolsas de pano sendo vendidas por R$ 5 a unidade e conjunto americano (com seis peças) e uma passadeira por R$ 15. No estande da República Checa, os anéis mais baratos são vendidos por R$ 10.
Alguns produtos diferenciados chamam a atenção com preços acessíveis. As pequenas pinhas vitrificadas feitas por Davison Valdevino variam de R$ 28 a R$ 38. “Fiz mais peças pequenas para me adequar à realidade do País”, conta. Nas primeiras 24 horas da feira, ele vendeu cerca de 200 peças. O estande do artesão chega a ter peças no valor de R$ 2,5 mil.
E outros produtos chamam a atenção pela curiosidade. Nos estandes do Azerbaijão e da Turquia,um conjunto que inclui seis cálices, uma garrafa e um bandeja com detalhes em dourado custa R$ 460. “É pintado com ouro 24 quilates”, responde a vendedora Priscila Aguiar. E as pedras do sal do Himalaia viraram luminárias trazidas do Paquistão pelo carioca Felipe Pithan, que faz artesanato baseado na estética “do Brasil real” defendido pelo mestre Ariano Suassuna, o que só comprova mais uma vez, a inspiração da Fenearte na Feira de Caruaru.
SERVIÇO
A Fenearte funciona das 14h às 22 horas de segunda a sexta. Nos sábados e domingo, o horário é das 10 h às 22h. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) de segunda a quinta-feira. De sexta a domingo, os preços dos ingressos são R$ 12 e R$ 6.