Setor naval

Mudanças em norma da ANP podem gerar desemprego em estaleiros

Se medida for aprovada, companhias terão de usar percentuais menores na contratação de fornecedores nacionais

Da editoria de economia
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Publicado em 20/07/2017 às 8:08
Foto: Heudes Régis/JC Imagem
Se medida for aprovada, companhias terão de usar percentuais menores na contratação de fornecedores nacionais - FOTO: Foto: Heudes Régis/JC Imagem
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Uma consulta pública da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), em andamento, discute a regulamentação do pedido de isenção, por parte das petroleiras, no cumprimento das regras da política de conteúdo local na fabricação dos equipamentos do setor naval brasileiro. Há a possibilidade de sua adoção ocorrer já em contratos firmados desde a 7ª rodada de licitações, realizada em 2005.

A isenção quer dizer que as companhias usariam percentuais menores na contratação de fornecedores nacionais. Atualmente, é obrigatório que até 75% da produção ocorra na cadeia produtiva do País. Segundo especialistas da indústria naval, se as propostas entrarem em vigor, elas poderão causar mais desemprego e cortes de investimentos nos estaleiros de Pernambuco.

Isso já está sendo aplicado no edital da 14ª rodada de negociações, publicado ontem, que retirou o critério de conteúdo local da fase de licitação.


A medida preocupa os dirigentes e trabalhadores do Vard Promar e Estaleiro Atlântico Sul (EAS), ambos instalados no Complexo Industrial Portuário de Suape. “Qualquer flexibilização da política de conteúdo local não é favorável para os estaleiros nacionais. Isso significa que é possível obter materiais e embarcações fora do País”, comenta o presidente do Vard Promar no Brasil, Guilherme Coelho.


Em dificuldades financeiras, os estaleiros também pleiteiam publicação de medida provisória que amplia o prazo para financiamento de recursos emprestados pelo Fundo de Marinha Mercante (FMM), operacionalizado pelo BNDES.


Em nota, o EAS comenta que, com as mudanças e sem adoção de medidas governamentais com relação ao FMM, “é real o risco de o EAS e todos os demais estaleiros brasileiros virem, em um futuro próximo, a ter que encerrar suas atividades”.


Desde 2014, mais de 50 mil empregos da indústria naval foram cortados em todo o País. “O setor naval está em risco. Se baixar de vez o conteúdo local, o prejuízo será enorme”, comenta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Henrique Gomes.


Segundo a ANP, existem 230 pedidos de isenção oriundos das petroleiras. Mais de R$ 568 milhões em multas foram aplicadas pelo descumprimento da norma.


Após a consulta pública, ainda será realizada uma audiência pública no dia 1º de setembro deste ano. Na sequência, será feita a análise das contribuições para, então, ser possível a publicação da versão final da resolução.

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