A seca deu uma trégua e contribuiu para turbinar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco em 2017. No primeiro semestre, a economia do Estado cresceu 2,3%, puxada pelo resultado da agropecuária, que avançou 32%. É a primeira vez desde 2015 que o semestre fecha com resultado positivo. Depois de seis anos de estiagem, a volta das chuvas fez florescer a produção de cana-de-açúcar, as culturas de sequeiro e a pecuária.
Embora a atividade tenha uma participação pequena no PIB (3,3%), a base depreciada de anos anteriores produziu crescimentos exponenciais. O resultado foi uma arrancada na economia, superando o desempenho do País (0,3%). O resultado foi divulgado ontem pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem).
Enquanto no Brasil a agropecuária avançou 15% no primeiro semestre, em Pernambuco o crescimento foi o dobro. As lavouras de sequeiro (feijão, milho e mandioca), que praticamente sumiram, voltaram a brotar nos roçados do Agreste e Sertão, graças a melhoria nas condições climáticas. A safra de feijão teve um aumento de 381%, a de milho de 914% e a de cereais, leguminosas e oleaginosas de 375%. “Além da recuperação dessas lavouras, também destacamos os impulsos ocorridos nas culturas da cana-de-açúcar, café, cebola, tomate e arroz irrigado”l diz o diretor da Condepe/Fidem, Maurílio Lima. Na pecuária, os destaques foram para a produção avícola (carne e ovos) e a produção de leite.
SERVIÇOS
Principal atividade econômica de Pernambuco, com participação de 78,8% no PIB, os serviços (2,4%) também contribuíram para o crescimento da economia no primeiro semestre. “A queda na inflação e a liberação dos saques das contas inativas do FGTS podem ter contribuído para o avanço no comércio, que cresceu 2,5% ante um resultado negativo (-0,8%) para o Brasil”, compara Lima. Os serviços de intermediação financeira, seguros, previdência complementar (4,4%) e as atividades imobiliárias e aluguéis (3%) também registraram bom desempenho do setor no primeiro semestre.
A indústria ficou estável (0,4%), mas ainda obteve desempenho superior ao do Brasil (-1,6%). Dentro da atividade, os segmentos que contribuíram positivamente foram os da indústria de transformação (2,1%) e a produção e distribuição de energia, água, gás e esgoto (3,3%). “Já a construção civil manteve a tendência de queda (3,5%). Isso porque embora o setor imobiliário tenha reagido, a construção pesada (impulsionada por grandes obra de infraestrutura) não avançou”, observa Lima. Dentro da indústria de transformação, o setor automotivo ancorado pela fábrica da Jeep tem ajudado a melhorar a performance.
O resultado do primeiro semestre de 2017 aponta para uma retomada aguardada desde o segundo trimestre de 2015, quando a curva de crescimento do PIB começou a declinar. De lá para cá o pior desempenho foi observado no primeiro trimestre de 2016, quando o PIB despencou 8,5%.