Apesar da crise econômica e seus desdobramentos, como os cortes no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), as instituições de ensino superior do Recife têm o que comemorar. De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Sindicato de Mantedoras de Ensino Superior (Semesp), o ensino privado no Estado obteve, entre 2009 e 2015 (dados mais recentes), crescimento de 46% em relação ao número de matrículas em cursos presenciais, enquanto o setor público teve incremento de apenas 11%.
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Do total de matrículas presenciais, 69% estão na Região Metropolitana do Recife. Em 2016, o setor foi o quarto que mais arrecadou na capital, representando 7% do recolhimento total do Imposto Sobre Serviços (ISS). Os bons resultados dão fôlego às empresas, que vêem espaço para crescer.
O grupo Ser Educacional foi o que mais arrecadou no segmento ao longo do ano fiscal de 2016, conquistando a terceira posição entre os maiores contribuintes. “Fazer parte desta lista mostra que, apesar do que tem acontecido no Brasil, da estagnação provocada pela crise econômica, a Uninassau e a (Joaquim) Nabuco, presentes no Recife, têm conseguido fazer um trabalho que mantém, sobretudo, a atração e retenção de seus alunos. A contrapartida para a sociedade com o pagamento dos impostos não é nada mais, nada menos, do que o fato de que a sociedade acredita no que a gente faz”, afirma o CEO do grupo, Jânyo Janguiê Bezerra Diniz.
O grupo tem mais de 150 mil alunos, divididos em 61 unidades presenciais e mais de 200 polos de Educação a Distância (EAD), que permitem a atuação em todo o Brasil. Em setembro, o Ser Educacional anunciou a aprovação de aumento de capital de até R$ 400 milhões. “Esse recurso deve servir para expansão e desenvolvimento do nosso EAD. Hoje o grupo tem autonomia para abrir em torno de 800 polos de ensino a distância por ano. Parte dos recursos irá para o EAD e outra parte para formalizar o processo de aquisição que estamos fazendo”, detalha o CEO.
Na 16ª colocação está o Centro Universitário Estácio do Recife, que conta com três campi presenciais, um polo de EAD na capital e mais de 15 mil alunos. Para o reitor, Kesi Sodré, o momento econômico não impede a procura por especialização. “A educação é uma das maneiras de agregar vantagem competitiva para poder dar um passo maior no mercado de trabalho, para ter melhores oportunidades de emprego. Mesmo com dificuldades, as pessoas buscam formas. A gente ajuda criando possibilidades de financiamento que facilitem a vida do aluno.” Em 2016, o grupo conquistou a condição de Centro Universitário, o que facilita o processo de expansão. Em 2018, a capital pernambucana deve contar com, pelo menos, mais um polo de EAD.
FIES
Terceira instituição de ensino superior entre os 50 maiores contribuintes, a Faculdade Boa Viagem (DeVry FBV), que aparece no 29º lugar, também teve que ter jogo de cintura para driblar a crise. O obstáculo maior foi o corte nas bolsas do Fies. “Todo segmento foi impactado. Isso trouxe alguns desafios. Conseguimos solucioná-los buscando financiamento privado para nossos alunos. Buscamos parcerias com entidades de crédito, inclusive, com subsídio de parte dos juros feita por nós, para que pudéssemos dar continuidade ou proporcionar o início dos estudos aos alunos”, detalha o diretor Hubert Soares. Em 2016, a instituição investiu R$ 35 milhões. A expectativa é oferecer, no próximo ano, novos cursos, como odontologia.
Para os gestores, ainda há espaço para crescer. “Temos uma baixa penetração no ensino superior. Eu diria que há espaço, sim. Claro, para aquelas instituições que estão investindo e fazendo seus projetos crescerem”, avalia Jânyo Diniz.