AUMENTO

Gasolina no Recife já custa mais de R$ 4,30 o litro

Postos começaram a reajustar a gasolina apesar da redução do preço nas refinarias

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 24/01/2018 às 19:17
Foto: Leo Motta / JC Imagem
Postos começaram a reajustar a gasolina apesar da redução do preço nas refinarias - FOTO: Foto: Leo Motta / JC Imagem
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Na segunda-feira (22), a Petrobras divulgou a redução de 1,40% no preço do litro da gasolina nas refinarias. E nesta quarta-feira (24) boa parte dos postos amanheceu com um valor diferente nas bombas. Mas, para cima. A reportagem do Jornal do Commercio circulou pelas ruas do Recife e encontrou muitos postos cobrando o litro da gasolina sempre acima dos R$ 4,30.

"Até ontem (terça-feira) o preço era R$ 3,99 mas hoje já é R$ 4,33”, confirmou Daniel Assis, gerente do posto Dislub, localizado na Avenida Abdias de Carvalho. O valor foi reajustado no meio da manhã e ele alega que foi orientação do dono do estabelecimento. Na mesma avenida, o Posto Império também alterou o preço, de R$ 3,89 o litro para R$ 4,31. O motorista de Uber, Julio Cesar, foi pego de surpresa. “Sempre abastecia aqui porque era mais barato, deixei de abastecer ontem à noite e hoje de manhã o valor já aumentou”, lamentou. A saída foi apelar para um combustível mais barato, no caso, o etanol que, no mesmo posto, estava a R$ 2,79 o litro. Para compensar, o etanol deve custar no máximo 70% do preço da gasolina e, neste caso, a relação foi de 64%. “Ainda bem que o etanol não subiu”, comemorou Julio Cesar.

No bairro de Boa Viagem, não foi diferente. A grande maioria dos postos localizados na Avenida Conselheiro Aguiar, Domingos Ferreira e Antônio de Góes estão praticando um preço médio de R$ 4,34 pelo litro de gasolina. O reajuste apareceu primeiro nos postos conhecidos por “bandeira branca”, ou seja, aqueles que não pertencem a grandes redes tradicionais como Shell, Ipiranga e Petrobras. Estas, por serem também distribuidoras, trabalham com estoques maiores e assim conseguem segurar os preços por mais tempo.

GASOLINA

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), Alfredo Pinheiro Ramos, diz que redução de preço nas refinarias não significa necessariamente combustível mais barato nos postos. “Entre a refinaria e o posto, existe a distribuidora, e elas têm uma política própria de preços”, explica Alfredo. Ele esclarece ainda que o donos de postos são legalmente impedidos de comprar o combustível que vão revender diretamente das refinarias ou usinas. Segundo Alfredo Ramos, as distribuidoras quase nunca repassam as reduções de valores aplicadas pela Petrobras, apenas os aumentos, e por isso o consumidor tem a impressão de que o dono de posto é um “repassador de aumento”. Em Pernambuco, existem 14 distribuidoras em funcionamento.

Sobre a opinião comum de que os preços são combinados entre os proprietários de postos de combustíveis, o presidente do sindicato diz que só no Grande Recife são cerca de 450 empresas do setor. Para ele, esse tipo de combinação entre tantos revendedores é praticamente impossível e o que vale mesmo são as regras do mercado. “Quem determina o preço no varejo é o concorrente. Se meu vizinho consegue reduzir o preço, eu vou ter que reduzir também”, diz o presidente do Sindicombustíveis, reforçando que esta conta não é fácil. “Para cada litro de combustível, cerca de R$ 2,20 são de impostos, como ICMS, Pis e Cofins. Somando os encargos e outras despesas, a margem de lucro é mínima”, afirma Ramos.

Desde que em julho do ano passado foi implantada a nova política de ajustes da Petrobras, alinhada com o mercado internacional, o preço médio da gasolina subiu 19,5% nos postos de combustível. Nesses seis meses, os preços foram reajustados 133 vezes.

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