A empresa Spectrum Geo - especializada em serviços geofísicos - vai investir US$ 26 milhões para mapear a bacia sedimentar de Pernambuco-Paraíba e apontar a possibilidade da existência de petróleo e gás em alto mar na região. O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, durante o evento “O planejamento estratégico da matriz veicular do Brasil até 2030”, realizado ontem na Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe). A empresa vai preparar um levantamento do potencial da bacia e oferecer a empresas interessadas em participar da licitação de blocos, que deverão ser ofertados nas próximas rodadas de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A bacia PE-PB é a única do País que não teve poços perfurados.
“A Spectrum estava aguardando apenas uma licença ambiental para iniciar o mapeamento sísmico. As empresas tinham suspendido esse tipo de trabalho porque não justificava fazer um alto investimento sem que houvessem leilões. Agora, com a política anual de leilões, as companhias voltaram a fazer esses levantamentos para oferecer às empresas petrolíferas que vão participar dos leilões e querem conhecer melhor o subsolo marinho das bacias”, explica o ministro. Isso porque a exploração de petróleo requer investimento milionário e as empresas não costumam apostar nos leilões de bacias desconhecidas.
O gerente geral da Spectrum Geo, João Corrêa, que participou do evento realizado pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), adianta que os dados sísmicos serão oferecidos na 16ª rodada de licitações da ANP, prevista para acontecer em 2019. Amanhã, a empresa apresenta o projeto à imprensa local. O mapeamento da bacia é realizado por um navio sísmico, que aportou no Recife no último dia 24. Coletados ao longo de 5.000 quilômetros em sísmica 2D.
“Dentro da cadeia de processos na indústria de petróleo e gás, a aquisição de dados geofísicos é a primeira e indispensável etapa, e esse será o procedimento feito em Pernambuco. Todo investimento nesta indústria começa com a aquisição de dados sísmicos, que é o primeiro método indireto de investigação geológica, para só depois saber o se há hidrocarboneto, petróleo e gás que possam ser ofertados para as empresas”, explica Correa. A presença do navio, durante um período de 3 a 4 meses vai gerar empregos e arrecadação de impostos para o Estado e municípios.
NORDESTE
O potencial de negócios na exploração de petróleo e gás no Nordeste foi tema da palestra do diretor geral da ANP, Décio Oddone. Ele lembrou que o primeiro poço de petróleo perfurado no Brasil, em 1941, foi no município baiano de Candeias, mas que a exploração vem encolhendo na região nos últimos anos. O surgimento de outras áreas fronteiras de petróleo consideradas mais interessantes, inclusive o pré-sal, estimulou um desinteresse pelo Nordeste. “Uma das alternativas que encontramos foi criar o mecanismo de oferta permanente de áreas que foram devolvidas pela Petrobras à ANP, mas que poderão ser arrematadas por empresas menores. Antes era preciso realizar leilões para ofertar esses blocos, mas agora eles estarão disponíveis permanentemente”, destaca, dizendo que são 838 blocos disponíveis na região.
O sonho de encontrar petróleo em Pernambuco vem desde 2007, quando o consórcio Petrobras-Galp arrematou blocos da bacia Pernambuco-Paraíba, na 9ª rodada de petróleo da ANP. As empresas fizeram estudos ao longo dos últimos anos, mas vêm adiando a perfuração dos poços. O primeiro adiamento foi autorizado pela ANP em 2015, estendendo o prazo para 2017. No ano passado foi solicitada uma nova postergação e o prazo limite para perfuração ficou para 2020.