Quem passa pelo Cabanga se depara com um busto de quase oito metros de altura do Mestre Salustiano. Confeccionada em isopor e fibra de vidro pelas mãos de cinco artesãos recifenses, a escultura é a intervenção urbana preparada para a cidade entrar no clima da 19ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). Patrimônio Vivo de Pernambuco falecido em 2008, Mestre Salu será o homenageado do evento este ano, que tem como tema o seu legado. A expectativa dos organizadores é movimentar R$ 43 milhões em negócios, numa feira marcada por várias novidades, às vésperas de comemorar duas décadas de história. Com um encontro no Centro de Artesanato de Pernambuco, no Bairro do Recife, a 19ª Fenearte foi apresentada ontem à imprensa e convidados.
Em função da coincidência com a realização da Copa do Mundo, a coordenação da feira decidiu ampliar o período do evento de 11 para 12 dias, com data de realização entre 4 e 15 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. “São muitas as novidades. Uma delas é a venda de ingressos online para evitar filas na bilheteria. As vendas começaram há 20 dias pelo site www.ticketfolia.com e os preços se mantém os mesmos do ano passado”, adianta o coordenador da Fenearte, Thiago Angelus.
Este ano, mais de 5 mil artistas e expositores se dividem em 800 estandes. São artesãos dos 27 Estados brasileiros e de 22 países. Na lista de novos estrangeiros na feira estão participantes do Egito, Itália, Países Baixos e Polinésia Francesa. Nesta edição, a Fenearte também estará mais internacionalizada. O Sebrae Nacional, a Apex e a AD Diper realizam pela primeira vez uma rodada internacional de negócios, com a participação de oito compradores dos Estados Unidos, Japão e Bélgica e de 50 artesãos de vários Estados brasileiros. Serão 20 de Pernambuco,além de artistas de Alagoas, Acre, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Tocantins. A diretora técnica do Sebrae em Pernambuco, Ana Cláudia Dias, explica que a rodada vai acontecer nos duas 2 e 3 de julho, no Hotel Grand Mercure Recife em Boa Viagem, das 14h às 19h. A expectativa da Apex é que sejam gerados US$ 500 mil em negócios, ao longo dos 12 meses após a realização do evento. “Os 50 artesãos passaram por uma seleção que se enquadrasse em um perfil exportador, com condições de gestão para viver a experiência”, observa Ana Dias.
Quem ficou de fora dessa seleção também poderá apresentar as peças aos compradores durante a realização do evento. Além do encontro com compradores internacionais também estão mantidas as tradicionais rodadas do mercado doméstico, com a participação de 30 empresas âncoras. A estimativa é fechar R$ 5 milhões em negócios nos 600 encontros previstos para os próximos 12 meses.
Durante a feira, um grupo de 30 artesãos pernambucanos vai apresentar uma linha de produtos com identidade pernambucana como resultado do projeto Jornada Criativa. “Convidamos o designer Marcelo Rosenbaum para prestar uma mentoria aos artistas durante um período de três meses. O resultado será o lançamento da grife Rhisophora, inspirada na flor do mangue e no DNA da cultura manguebeat.
CULTURA
A primeira-dama de Pernambuco, Ana Luiza Câmara, destacou a importância para maior feira de artesanato da América Latina para a cultura, a economia e o turismo do Estado. “Todos os anos são grandes os desafios e as superações, mas a feira está muito bonita e homenageando uma das maiores expressões da cultura pernambucana”, afirmou.
Para os artesãos que trabalham duro durante os 12 dias do evento, uma novidade será a Fenearte Cidadania. O espaço terá capacidade para receber os filhos dos artistas, enquanto os pais estiverem na feira. A programação inclui atividades culturais e educativas. A estrutura faz alusão a um circo e tem capacidade para receber 80 crianças por dia. A programação inclui exibição de filmes, apresentações teatrais, oficinas e brinquedoteca.
Com cenografia assinada por Augusto Lira Arquitetos, a Fenearte coloca o visitante no universo do homenageado, com golas, lanças, rabecas e ícones do maracatu rural. No tradicional tapete vermelho da entrada, a alameda com 64 mestres pernambucanos não deixa o visitante esquecer a beleza e a riqueza do nosso artesanato e da nossa cultura.
