Combustíveis

Boato sobre greve de caminhoneiros formou filas nos postos

Rede Petromega, que fez a postagem, terá que se explicar na próxima segunda-feira

Adriana Guarda e Diogo Menezes
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Adriana Guarda e Diogo Menezes
Publicado em 02/09/2018 às 6:00
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Rede Petromega, que fez a postagem, terá que se explicar na próxima segunda-feira - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Uma postagem da rede de postos PetroMega nas redes sociais sobre uma possível paralisação dos caminhoneiros provocou apreensão e corrida a postos de combustíveis na noite de ontem. Por volta das 16h, a rede utilizou o Instagram para dizer haver “fortes evidências” de uma nova greve da categoria, o que provocaria desabastecimento dos postos já a partir da madrugada de hoje. Pouco mais de duas horas após a publicação, começaram a se formar filas enormes em vários postos do Grande Recife, com motoristas e pessoas com galões tentando abastecer. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), Alfredo Pinheiro Ramos, diz que a população deve ficar tranquila porque não há desabastecimento nos postos e é remota a possibilidade de uma nova greve semelhante a que aconteceu em maio.

“Desacreditamos 99% que vá acontecer uma nova greve com aquela dimensão. Uma rede de postos colocou isso na internet e viralizou. Isso sem falar numa série de áudios requentados da antiga greve que estão circulando pelo WhatsApp. Isso foi um absurdo, porque gerou tumulto e tirou a tranquilidade da população. É preciso penalizar quem publica esse tipo de nota”, observa Pinheiro Ramos, dizendo que até às 21h de ontem seu celular já tinha 72 ligações de pessoas e donos de postos querendo saber o que estava acontecendo.

Ontem à noite, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e o Procon de Pernambuco informaram que na próxima segunda-feira (3) vão notificar a empresa PetroMega para prestar esclarecimentos sobre a nota veiculada ontem em suas redes sociais. “O informativo, sem qualquer fundamentação, alerta de forma irresponsável a população quanto à possibilidade de paralisação no abastecimento de combustíveis no estado”, diz a nota.

A SJDH esclarece, ainda, que provocar alarme, anunciando perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto é crime previsto no Art. 41, da Lei de Contravenções Penais (LCP), sob pena de prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa.

A postagem nas redes sociais também recebeu uma enxurrada de críticas dos internautas. Muitos diziam que a rede PetroMega havia se precipitado e que “teriam que se responsabilizar caso a história não ocorra”. Já outros preferiram apoiar a postagem, dizendo que, “o melhor a fazer, é abastecer logo o carro”. Muitas pessoas acreditaram na publicação porque, na última sexta-feira, a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,29 no preço do diesel. A partir daí começaram a circular trocas de mensagens áudios em aplicativos, mas sem autenticidade comprovada, convocando para paralisação a partir da madrugada de amanhã (3).

PREÇO

O preço do diesel é formado levando em conta a cotação do dólar. Como a moeda americana está elevada, acaba elevando também o valor do produto. Nos últimos dias, o diesel subiu até 14%, por conta da alta do dólar, o que praticamente anulou o subsídio de R$ 0,46 dados pelo governo Federal no diesel até o final de 2018. Os caminhoneiros usam diesel para poder abastecer e rodar o País levando produtos.

O presidente do Porto de Suape, Carlos Vilar, disse que ficou preocupado com a informação e deixou a equipe de segurança do complexo de sobreaviso. “Isso foi uma onda que criaram nas redes sociais, mas, por enquanto, não existe nenhum movimento de caminhoneiros grevistas tentando obstruir a entrada do porto”, disse.

Suape recebe todo o combustível que atende Pernambuco e boa parte dos Estados nordestinos. De lá, saem 1,6 mil caminhões por dia para abastecer os postos da região. “Não há motivo para pânico porque tem combustível nos postos e em Suape”, reforça o presidente do Sindicombustíveis.

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