É inescapável: a desmobilização econômica traz a vulnerabilidade social, que abre a janela para o tráfico de drogas, que, por sua vez, traz os homicídios. Nos dois municípios sob influência direta de Suape – Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, ambos no Grande Recife – a taxa de mortes violentas aumentou no período da queda de atividade do complexo, iniciado em 2015. Ipojuca fechou 2017 com uma taxa de 173,7 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, enquanto o índice do Cabo foi 107. A título de comparação: a média de Pernambuco – nesse que foi o pior ano da história do Pacto pela Vida, com 5.426 homicídios – ficou em 57 mortes por grupo de 100 mil pessoas, um número já considerado alto.
Em fevereiro deste ano, no espaço de uma semana, chegaram a ser registrados cinco assassinatos no Cabo de Santo Agostinho. Um deles foi o triplo homicídio em uma pousada de Enseada dos Corais, no dia 21 de fevereiro deste ano. Segundo a polícia, o motivo para os crimes foi a disputa pelo comércio de entorpecentes na região.
A guerra do tráfico também motivou um triplo homicídio em Ipojuca. Em abril, três homens foram executados em Jagatá, localidade carente do município.
As altas taxas de homicídios levaram a Polícia Civil a desencadear operações nos dois municípios. Em maio, 12 pessoas foram presas, sob acusação de fazerem parte da quadrilha que, entre outros crimes, foi responsável pelo triplo homicídio da pousada em Enseada dos Corais. Em outubro, dentro da operação “Mar Negro”, dez pessoas foram presas, acusadas de integrarem um grupo que respondia, segundo a própria Polícia Civil, por nada menos que 90% dos crimes relacionados ao tráfico em Ipojuca.
No período que vai de 2015 a 2017, o número de crimes contra o patrimônio (roubos em sua maioria) não apresentou aumento significativo nas duas cidades: saiu de 1.360 casos por grupo de 100 mil pessoas para 1.730 no Cabo de Santo Agostinho. Em Ipojuca, foi de 1005 registros para 1001.
Demissões em massa
O Complexo Industrial de Suape vive uma nova onda de demissões em massa que trará forte impacto social e econômico para a região. Em reunião com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) confirmou a demissão de 500 a 600 trabalhadores, e o Vard Promar disse que planeja mandar embora outros 80 até o fim do ano. O anúncio foi feito dois dias após a Qualiman romper o contrato com a Petrobras para construção de Unidade de Abatimento de Emissões Atmosféricas (SNOX) na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), ameaçando desligar 1,2 mil funcionários.