Há exatos três anos, eu e o repórter Alexandre Arditi estávamos lá.
A cidade de Belo Horizonte respirava Copa do Mundo. Alemães e brasileiros se enfrentariam pela primeira vez no novo estádio do Mineirão.
O JC tinha enviado equipe para cobrir as quartas-de-final, depois de a seleção brasileira passar apertado pelas oitavas, quando venceu o Chile nos pênaltis. Era o sonho de qualquer fotógrafo, como eu, apaixonado por futebol e pelo fotojornalismo.
Ao contrário das partidas realizadas em Pernambuco, quando havia vários profissionais do JC cobrindo cada jogo, ali eu estava só, cercado de gente de todo o mundo.
Procurei um lugar no credenciamento que me desse uma visão privilegiada dos dois lados do campo. Optei por ficar em cima nas tribunas com uma lente 600mm.
Comecei fazendo imagens fora do estádio. A atmosfera era de torcedores ansiosos pelo confronto. Muita cara pintada, muitos sotaques e idiomas. Registradas as imagens, transmitidas para JC, era hora de entrar. Fazer todos os procedimentos de segurança, pegar cartão de acesso ao campo, pegar equipamentos emprestados que são disponibilizados pelos fabricantes, checar tudo, e ir a campo.
E lá estávamos nós. Cerca de 50 fotógrafos alojados nas suas cadeiras numeradas, escolhidas em um mapa do estádio, no momento do credenciamento. As grandes agências internacionais nem escolhem lugar. Elas já têm reservadas as melhores posicões...
A torcida começava a lotar as arquibancadas. Os gritos brasileiros ecoavam. Os alemães aproveitavam os poucos momentos de silêncio para fazerem seu canto ecoar.
Chegou o momento da entrada das seleções no ritual já conhecido. Hinos, cumprimentos. E foi tirada a sorte!
Apito inicial. E em seguida, a tragédia. Apagão geral. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Todos se entreolhavam. A torcida brasileira estava atônita.
Registrei o momento em que Thomas Müller, ao chegar ao quinto gol da Alemanha ainda no primeiro tempo, pedia para a equipe parar e ter um pouco de respeito. Müller pedia misericódia!
Ahh, ainda viriam mais dois gols da Alemanha. Um desavisado, Schürrle, vindo do banco, não vira o companheiro Müller pedindo para ter pena daquele opositor em coma. O brasil ainda conseguiria um gol de honra, que nem chegou a ser comemorado.
Fez-se o silêncio. Eu acabara de assistir a um momento histórico. Que por muitas gerações será tão lembrado quanto as cinco vezes que o Brasil levantou a taça de campeão do mundo.
Nós, jornalistas, estamos acostumados a cobrir glórias e fracassos. Esse deixou particularmente um sabor amargo. Era de piedade o olhar que nos lançavam, a nós, brasileiros, os colegas que vieram do mundo inteiro para ver aquele grande jogo. E foi grande. Para a Alemanha.
Assista ao programa da TV JC comentando o jogo:
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