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Copa de 1950: uma dor maior que o 7x1 para o Brasil

Perda da Copa de 1950 para o Uruguai no 'Maracanazo' representou o primeiro trauma da história do futebol brasileiro

Heitor Nery
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Heitor Nery
Publicado em 21/01/2018 às 11:30
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Perda da Copa de 1950 para o Uruguai no 'Maracanazo' representou o primeiro trauma da história do futebol brasileiro - FOTO: Divulgação
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Decepção, tragédia e tristeza. O dia 16 de julho de 1950 representou para muitos brasileiros um verdadeiro pesadelo. A seleção precisava apenas de um empate em um Maracanã com mais de 170 mil pessoas para conquistar a Copa do Mundo pela primeira vez. O clima de festa já estava montado. Faltou apenas combinar com os uruguaios. Em uma das grandes surpresas da história da Copa do Mundo, a Celeste Olímpica calou um país inteiro para conquistar o bicampeonato mundial (tinha vencido em 1930), contando com nomes que trazem um frio na espinha dos brasileiros até hoje, como Obdulio Varela, Schiaffino e, principalmente, Ghiggia, autor do gol que deu o título para os uruguaios e concretizou o “Maracanazo”.

A expectativa antes da Copa do Mundo também ajudava a criar o clima de otimismo. As equipes europeias ainda estavam enfraquecidas como consequência da Segunda Guerra Mundial. A Itália, em particular, também contou com um time bastante enfraquecido por conta da tragédia de Superga, em 1949, quando todos os jogadores do Torino, que formava a base da equipe italiana naquela época, faleceram em um acidente aéreo. A grande preocupação do Brasil seria com a saúde de Zizinho, seu principal jogador, que estava com uma lesão no joelho. Uma lenda conta que os médicos da seleção teriam até utilizado remédios para cavalos como uma maneira de acelerar a recuperação do atleta.

Mesmo sem perder na primeira fase, as atuações do Brasil contra México, Suíça e Iugoslávia não agradaram a crônica esportiva da época e diminuíram a confiança com a equipe. Algo que só seria recuperado no quadrangular final, com as goleadas por 7x1, contra a Suécia, e 6x1, contra a Espanha. Os placares elásticos devolveram o clima de “já ganhou” no país. Afinal, contra os mesmos adversários, o Uruguai encontrou dificuldades em suas partidas. Bastava confiar no ataque comandado pelo pernambucano Ademir, até hoje o maior artilheiro da seleção em uma única edição de Copa, Zizinho e Jair para a festa. O Brasil sairia na frente com Friaça, logo no início do segundo tempo, o que só fez aumentar a festa no Maraca. Mas os gols de Schiaffino e Ghiggia, que definiram a virada uruguaia, colocaram uma gigantesca ducha de água fria na cabeça de cada brasileiro ao fim da partida.

Sessenta e quatro anos antes do fatídico 7x1 contra a Alemanha, a derrota por 2x1 para o Uruguai representaria o primeiro grande trauma do futebol verde e amarelo. Jogadores como Bigode e o goleiro Barbosa sofreriam na pele o preço do “Maracanazo”, principalmente o camisa 1, considerado o maior culpado pelo resultado da partida. Ambos se tornaram símbolos de uma geração talentosa, mas que, por uma influência do destino, se tornou inesquecível pela maneira que menos esperavam.

FAVORITOS TAMBÉM CAÍRAM EM 1954

A seleção brasileira de 1950, no entanto, não seria a última equipe a chegar com um enorme favoritismo e depois ser derrotada em uma final de Copa. Logo na competição seguinte, em 1954, na Suíça, a Hungria era a seleção a ser batida. Os jogadores, conhecidos como “Mágicos Magiares”, não perdiam uma partida desde 1950. A equipe contava como atletas lendários como Puskás, Kocsis, artilheiro daquele mundial com 11 gols, Czibor e Hidegkuti. Para muitos, o título da Hungria era só uma questão de tempo.

Na primeira fase, a Hungria atropelou. A equipe marcou 17 gols em apenas duas partidas, ganhando da Coreia do Sul por 9x0 e da Alemanha Ocidental por 8x3. Os alemães, no entanto, entraram em campo sem sua força máxima, visando poupar os jogadores para a partida decisiva contra a Turquia.

Com os dois triunfos, a Hungria garantiu a vaga no mata-mata, onde enfrentaria o Brasil. Mesmo sem contar com Puskas, que se machucou na partida anterior e só voltaria a atuar na final, a equipe europeia venceu por 4x2 em um confronto marcado pela violência dentro e fora de campo. Na semifinal, uma outra seleção sul-americana pela frente: o Uruguai. A Celeste, ainda invicta em Copas do Mundo, representou um grande desafio para os magiares, que precisaram da prorrogação para vencer os uruguaios.

Na decisão, a Hungria teria um adversário já conhecido: a Alemanha Ocidental, rival na primeira fase. Ao contrário do duelo anterior, o técnico Sepp Herberger escalou os melhores jogadores disponíveis. A partida começou de maneira eletrizante. Logo aos oito minutos, a Hungria já vencia por 2x0, com direito a gol de Puskas, ainda limitado por conta da lesão sofrida contra a própria Alemanha. Os adversários não deixaram barato e empataram ainda aos 18 minutos do primeiro tempo. A partida seguia empatada até os 39 minutos da segunda etapa, quando Rahn anotou aquele que seria o gol da virada da Alemanha. Puskas ainda encontraria tempo para empatar a partida, mas o bandeirinha anotou impedimento em uma decisão questionada até hoje. Com isso, algo que pouquíssimas pessoas imaginavam aconteceu: a poderosa Hungria cairia derrotada por 3x2 para a Alemanha, no jogo que ficaria conhecida como “O Milagre de Berna”.

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