A direção da Confederação Brasileira de Futebol vai receber no dia 1.º de abril a petição que cobra a saída de José Maria Marin da presidência da entidade, por causa de seu envolvimento com a ditadura militar. Ontem a petição online passou da marca de 50 mil assinaturas de apoio.
O organizador do movimento contra Marin, Ivo Herzog, presidente do Instituto Vladimir Herzog, pretende enviar cópias da petição a todas as federações estaduais de futebol e à direção dos clubes que participam de campeonatos de âmbito nacional. Ivo é filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975, quando se encontrava detido nas dependências do Departamento de Operações e Informações (DOI), controlado pelo Exército, em São Paulo.
No texto em que justifica a petição, Ivo diz que Marin ajudou a dar sustentação política à ditadura. Na época do assassinato do jornalista, Marin era deputado estadual, filiado à antiga Arena, partido que dava fachada legal e sustentação política à ditadura. No dia 9 de outubro daquele ano, Marin pediu providências às autoridades em relação à atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura. No dia 25 do mesmo mês, Herzog, que era funcionário da emissora, foi preso e assassinado.
Por causa dessa ligação com o autoritarismo, diz Ivo, o presidente da CBF não tem condições de permanecer no cargo. O problema seria agravado pelo fato de o Brasil estar às vésperas da Copa do Mundo. “Ter Marin à frente da CBF agora é como se a Alemanha tivesse permitido um membro do antigo partido nazista ter organizando a Copa de 2006”, compara.
A petição começou a circular no dia 19 de fevereiro, no site Avaaz, que se apresenta como “uma plataforma online que dá às pessoas ao redor do mundo o poder de iniciar e ganhar campanhas a nível local, nacional e internacional”. Os apoios ganharam mais impulso, porém, nos últimos dez dias. Segundo Ivo, a onda aumentou com a reação de Marin, que usou o site da CBF para se defender das acusações feitas contra ele.