Depois de uma longa espera, o dia de terça-feira tinha mesmo que ser longo para a família de Paulo Ricardo. Ao término dele não houve o que se poderia chamar de final feliz, sentimento impossível diante da perda do ente querido. Todavia, um final justo – na avaliação dos parentes da vítima que durante um ano e quatro meses aguardavam a condenação dos réus.
“Esperávamos desde o início a condenação e esperamos bastante. Então agora saiu da gente um fardo imenso. A espera valeu a pena então. A justiça tardou, mas chegou. Estamos bem aliviados”, disse o tio de Paulo Ricardo, Tiago Valdevino.
Como sempre, vestidos com camisas brancas estampadas com a foto de Paulo Ricardo, os parentes chegaram muito cedo ao fórum. Por volta das 8h30 já estavam no local. Juntos. Unidos. Preparados para mais uma vigília na espera de um resultado que teimava em não chegar.
Todavia, nem todos estavam tão preparados assim. Joelma Valdevino, mãe da vítima, não aguentou. Ainda chegou tentando demonstrar força. Na hora em que começou a ser entrevistada, não se conteve e derramou a falta do filho em lágrimas. Se recompôs. Quis passar firmeza para o início do júri. Não conseguiu. Cerca de meia hora depois, passou mal e teve que ser carregada até o posto de saúde do fórum, onde foi socorrida. Diante do ocorrido, a família achou por bem levá-la para casa.
À tarde, a família da vítima ainda denunciou que foi intimidada por integrantes da torcida Inferno Coral, que estariam presentes no salão. De acordo com os familiares, no intervalo para o almoço, um grupo chegou a seguir um dos parentes até o estacionamento. Por conta disso, foi solicitada ao juiz escolta policial no retorno para casa no final do julgamento.
Por isso, logo depois que a sentença da condenação foi divulgada, Tiago aproveitou justamente para pedir que o desfecho do caso do sobrinho sirva como um divisor de água nos episódios de violência entre as torcidas organizadas em Pernambuco. “Esta é a nossa expectativa, a nossa esperança. Queremos que essa condenação sirva como reflexão para que todos pensem duas vezes antes de agredir outra pessoa e quem sabe a violência nos estádios acabe de uma vez”, afirmou, mirando um horizonte bem diferente do que vitimou Paulo Ricardo.
“Pelo menos a justiça foi feita”
Nas últimas horas do dia em que completou 58 anos, José Paulo Gomes da Silva, pai de Paulo Ricardo, recebeu não o presente que queria (a vida do seu filho de volta), mas ao menos a notícia de que os responsáveis pelo crime foram condenados.