CORRUPÇÃO

Delator denuncia irregularidades de Infantino na Fifa para auditora da entidade

Um dos alertas lançados se refere ao fato de Infantino ter aceito viagens em jatos privados, pagos pela Rússia e pelo Catar

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Publicado em 03/07/2016 às 18:30
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Um dos alertas lançados se refere ao fato de Infantino ter aceito viagens em jatos privados, pagos pela Rússia e pelo Catar - FOTO: Foto: Freddy Zarco/ABI
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Jatos, carros e motoristas privados, roupas de luxo, contas exorbitantes para flores e falta de transparência. A descrição poderia ser de um ex-diretor da velha Fifa, acusado pelo mundo de corrupção, nepotismo e de não atender aos interesses do futebol. Mas, na realidade, trata-se de uma descrição interna sobre o estilo de administração de Gianni Infantino, o homem que foi eleito no final de fevereiro para a presidência da entidade e que prometia uma reforma completa.

Num informe de 11 páginas do dia 23 de maio, um delator interno enviou para a auditora da Fifa, Sindisiwe Mabaso-Koyana, o que ele acreditava ser irregularidades na gestão. O documento foi revelado pelo jornal Schweiz am Sonntag. Numa cópia do mesmo informe obtido pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o delator, cuja identidade é mantida em sigilo para sua proteção, aponta que tais atitudes "minam o esforço para fortalecer a Fifa". 

Um dos alertas lançados se refere ao fato de Infantino ter aceito viagens em jatos privados, pagos pela Rússia e pelo Catar, em valores que variaram entre US$ 115 mil e US$ 150 mil. Outra viagem sob suspeita foi para Eslovênia, na qual Infantino usou um jato da Uefa. Em resposta, a Fifa explicou que a agenda havia sofrido modificações e que os planos organizados para viagens em aviões de linha tinha sido perdidas. A entidade também rejeita as demais acusações e insiste que o novo presidente tem agido dentro das regras.

Ainda assim, o delator denuncia conflitos de interesse. "Em várias ocasiões, Infantino viajou em jatos privados que não foram organizados pela Fifa e nem o uso de aviões externos foram informados ao departamento de auditoria, como é a regra", aponta a carta. "Trata-se de um risco significativo de conflito de interesse, já que esses voos podem ter sido pagos por confederações, dirigentes de países ou pelos Comitês Organizadores das Copas", alertou.

Segundo o documento, a Fifa ainda teria colocado à disposição de Infantino dois carros. Um para atender ao presidente da entidade e o segundo exclusivamente para sua família. Em março, esse segundo carro custou US$ 20,1 mil e em abril outros US$ 13,8 mil O novo presidente se recusou a usar os motoristas da entidade e exigiu a contratação de outro funcionário externo. 

"Considerando que Infantino esteve a maior parte do tempo fora, o tempo do motorista foi usado por sua família, assim como para seus assessores", alertou. O documento ainda traz uma série de gastos questionáveis, colocando em dúvida a palavra de Infantino em mudar a gestão do futebol depois de anos de abusos.

Em um deles, o documento traz recibos de US$ 1,4 mil para a compra de um terno para uma festa da IFAB (a entidade que se ocupa das regras do futebol). A Fifa ainda cobrava US$ 11,6 mil por colchões para a cada do novo presidente, além de uma conta de mais de US$ 800,00 para decorar a residência de Infantino. Um equipamento de ginástica comprado por Infantino e colocado nas contas da Fifa teria chegado a US$ 8,8 mil. 

FUNCIONÁRIOS - No informe, o delator ainda traz exemplos sobre como Infantino teria feito trocas de funcionários de alto escalão sem consultar o conselho da Fifa e nem os departamentos que deveriam averiguar o passado dessas pessoas. Conselheiros externos ainda foram contratados, obrigando a entidade a pagar de forma regular noites de hotel em Zurique e viagens constantes.

Infantino também tem sido atacado por sua decisão de rejeitar o contrato financeiro que lhe foi oferecido. Em um áudio gravado de um dos encontros, o presidente afirma ter ficado "ofendido" diante da proposta de salário. O pagamento oferecido seria de US$ 2 milhões ao ano. "Eu não assinei o que me foi proposto. Eu não aceitei a proposta. Era uma proposta insultante", disse Infantino na gravação vazada.

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