Palco de duas finais de Copa do Mundo. Da estreia de Pelé pela seleção brasileira. Do milésimo gol do Rei do Futebol. Dos dribles de Garrincha e das vozes de ícones da música como Frank Sinatra e Paul McCartney, entre outros eventos marcantes, o Maracanã pede socorro.
O estádio mais icônico do futebol brasileiro e um dos mais charmosos do mundo vive o retrato atual do abandono e é tratado como um fardo pelas autoridades. O gramado, mesmo visto de longe, assusta bastante.
Mesmo após a reforma para a Copa do Mundo de 2014, que custou mais de R$ 1,3 bilhão, o palco de grandes espetáculos (não só de futebol) virou alvo de vandalismo, com equipamentos e materiais sendo furtados. Isso porque o Governo do Rio de Janeiro e o consórcio que administra a Arena não querem assumir os custos da manutenção do estádio, que estava sob gestão do Comitê Rio-2016 para as Olimpíadas.
Um dos grandes motivos do abandono é a ausência de jogos sediados no Maracanã. O Flamengo, que mandaria os principais jogos de 2017 no estádio, vive um imbróglio judicial. A direção rubro-negra, inclusive, afirmou que não fará mais partidas no Maracanã caso a empresa BWA passe a administrar o local.
Os furtos que têm sido registrados no Maracanã, e que incluíram até mesmo o busto do jornalista Mario Filho, que dá nome ao estádio no Rio, eram uma preocupação que vinha desde o primeiro semestre do ano passado. É o que demonstra um documento de 15 de junho de 2016 encaminhado pela concessionária que administra a arena ao governo do Estado do Rio de Janeiro e ao Comitê Rio-2016. Segundo a Maracanã S.A., o acervo era de responsabilidade do Estado.
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A CARTA
Logo em sua primeira página, a carta pedia a “designação de servidor e adoção de providências concretas” para a retirada do material. O documento lembra que o Maracanã estava cedido de modo exclusivo ao Comitê Rio-2016 desde 1º de março do ano passado e, de acordo com o Termo de Autorização de Uso (TAU), todas as áreas do estádio eram de responsabilidade do Rio-2016.
Mas, no item IV, alerta que “o acervo histórico e outros bens de titularidade da Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio) permanecem guardados, durante o contrato, em algumas salas da área cedida, sob a responsabilidade da Suderj”.
A carta relata sucessivas solicitações da concessionária à superintendência para retirada do material, o que não aconteceu. A Casa Civil do Rio alegou que irá adotar as medidas legais e contratuais cabíveis relativas aos furtos. Ainda de acordo com a Casa Civil, o Complexo Maracanã, conforme contrato vigente, está sob responsabilidade da Concessionária Maracanã S.A.