A2 DO PERNAMBUCANO

Petrolina se inspira na Chapecoense

Cidade com uma forte economia, como Chapecó, quer seguir os passos do time catarinense

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 19/03/2017 às 8:15
Leonardo Vasconcelos / Especial para o JC Imagem
Cidade com uma forte economia, como Chapecó, quer seguir os passos do time catarinense - FOTO: Leonardo Vasconcelos / Especial para o JC Imagem
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Distantes mais de 3.130 quilômetros, próximas em um objetivo: se reconstruir no futebol. Petrolina e Chapecó. Ambas cidades interioranas representam forças econômicas nos seus respectivos estados, Pernambuco e Santa Catarina, e desejam transpor esse poder para os gramados. A diferença é que a primeira tem isso como plano, enquanto a segunda já transformou isso em realidade - antes e depois da tragédia aérea do ano passado. Inspirada na Chapecoense, na sua meteórica trajetória de em seis anos pular da Série D para a A do Brasileiro e hoje disputar a Libertadores, a Fera Sertaneja programa seu retorno aos campos. Com a mesma ambição da equipe catarinense.

Apesar de ter completado a maioridade ano passado, o Petrolina Futebol Clube tem planos de gente/clube grande. Fundado no dia 11 de novembro de 1998, apenas 26 anos mais jovem que a Chape, o time sertanejo foi campeão da Série A2 do Pernambucano duas vezes (2001 e 2010), mas nunca se firmou na elite do futebol estadual. Disputou uma vez a Série C (2008) e outra a D (2012), mas em ambas não foi longe. No ano passado, alegando dificuldades financeiras, nem chegou a disputar a A2 pernambucana. O que para muitos significou um fim parece ser um novo começo.

Um dos responsáveis por transformar o possível ponto final em uma surpreendente exclamação foi Cirineu Ribeiro, que assumiu o clube em janeiro deste ano, com planos ambiciosos. O empresário revelou que se espelha no trabalho feito por colegas do ramo no futebol catarinense. “Eu me inspirei mesmo no time da Chapecoense devido à administração dele em que dez empresários se juntaram e deram um exemplo de como administrar um time ao colocá-lo na elite do futebol brasileiro. Além disso, Petrolina e Chapecó são cidades do interior parecidas que se destacam em suas respectivas regiões”, explicou Cirineu.

O desafio da nova diretoria é muito claro: fazer com que o município destaque econômico também ganhe notoriedade no âmbito esportivo. Com mais de 337 mil habitantes, a também chamada “Califórnia Sertaneja” ostenta o 6º maior PIB e o mesmo posto no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em Pernambuco, com uma fruticultura irrigada de renome internacional. “Petrolina há muito tempo merece ter um time digno dela. Existem outras cidades de menor porte, a exemplo de Ipatinga, em Minas Gerais, que colocou uma equipe na Série A do Brasileiro. Pelo tamanho da economia de Petrolina, a gente quer sim enaltecer o nome da cidade pelo futebol e colocá-la onde deve estar”, disse o vice-presidente Márcio Matias da Silva.

A curto prazo, o primeiro objetivo do clube é conquistar o acesso para a elite do futebol estadual neste ano. A longo prazo a nada modesta meta é em cinco anos disputar a Série B do Campeonato Brasileiro. Para tentar ser campeão o time foi atrás de quem tem experiência no assunto. O presidente fez o convite para o amigo, o ex-atacante Nunes, campeão mundial pelo Flamengo em 1981, assumir a diretoria do futebol. O antigo craque, que jogou pelo Santa Cruz no anos de 1970, não só aceitou, como também convenceu o ex-companheiro de Flamengo, o volante Andrade, a dizer sim à proposta do clube para ser o técnico na Série A2 do Pernambucano, que será disputado no segundo semestre deste ano.

Campeão brasileiro à frente do Flamengo em 2009, Andrade não trabalhava como treinador desde o segundo semestre de 2015, quando comandou o Jacobina na Segunda Divisão do Campeonato Baiano, e ao visitar o clube no mês passado se disse motivado. “Encaro essa possibilidade de comandar o Petrolina com o mesmo entusiasmo que seria se estivesse indo para o Flamengo ou para qualquer outro time. É um trabalho duro, pois vamos montar o elenco desde o princípio. Mas gostei das ideias apresentadas pela diretoria do clube. Estava mesmo querendo voltar ao futebol”, afirmou Andrade, na ocasião. Através dos ex-rubro-negros, o time sertanejo deve fazer uma parceria com a equipe carioca para contar com atletas a custo zero.

Entrevista Cirineu Ribeiro

"Quero vencer o Sport na Ilha"

Ele está por trás dos ousados planos do Petrolina. O empresário Cirineu Ribeiro se considera ambicioso nos negócios e pretende levar esse tipo de mentalidade para a gestão do clube. Em um bate-papo franco, não deu muitos detalhes do aporte financeiro no time, mas fez questão de dizer que ele, somado a parcerias, serão suficientes para bancar os planos nada modestos da Fera Sertaneja.

JORNAL DO COMMERCIO - Quem é Cirineu?

CIRINEU RIBEIRO - Sou empresário, conhecido como Ribeiro aqui na cidade. Tenho uma loja de sistema de irrigação. Eu já morei no Rio de Janeiro e Deus me proporcionou conhecer Nunes (ex-jogador do Flamengo), que viveu em Juazeiro. E ele sempre me perguntava porque uma cidade querida, rica, destaque do Nordeste, como Petrolina, não tinha um time à altura. Eu respondi para ele que o clube precisava de Ribeiro na linha de frente para comandar e Nunes para administrar o futebol. Fizemos uma parceria e mobilizamos a cidade.

JC - De onde virá a receita?

CR - Hoje a receita do Petrolina é zero. Mas temos uma lei municipal através da qual a prefeitura destina um valor para o time de futebol. Cerca de R$ 300 mil. Além disso, vão ter outros recursos. O empresariado deve bancar 70% e a torcida 30% deles.

JC - Como a folha salarial?

CR - Hoje ela é praticamente zero. Os atletas do Flamengo virão tudo através de parceria por empréstimo e o Petrolina só vai custear a estadia dos atletas. Não vai ter pagamento de salário, vai ser custo zero. 

JC - E Andrade?

CR - Ele foi campeão no Flamengo, juntamente com Nunes e eles criaram um laço de amizade muito grande. Aí Nunes passou a situação do Petrolina e ele abraçou essa missão. Quanto aos valores, está sendo mais por amizade mesmo. O Petrolina hoje não tem condições de pagar Andrade. Ele vem pelo desafio.

JC - Quais os desafios do clube?

CR - O desafio do Petrolina é em cinco anos, no mínimo, estar na Série B do Brasileirão. A curto prazo o desafio é já no ano que vem ganhar do Sport lá na Ilha do Retiro. Vencer também Náutico e Santa para poder mostrar que Andrade veio para ficar. 

JC - Então o acesso vocês já estão contando como certo então...

CR - Só se Deus não permitir, mas acho que ele já permitiu só em colocar Andrade no nosso caminho.

JC - Daqui a cinco anos então como quer ser lembrado?

CR - Por ter feito a minha parte. Depois vai aparecer outro pra fazer a parte dele também. 

JC - E se de repente você não conseguir?

CR - Na minha vida eu sempre falo o seguinte, se nós pensamos negativo nossa missão será negativa e se pensamos positivo será positiva.

JC - Então você está muito confiante que vai conseguir...

CR - Com certeza!

 

 

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