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Times tradicionais ressurgem para disputar a Série A2 do Pernambucano

Equipes como o Sete de Setembro e 1º de Maio vão voltar a disputar a segunda divisão

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 27/08/2017 às 8:17
Bobby Fabisak / JC Imagem
Equipes como o Sete de Setembro e 1º de Maio vão voltar a disputar a segunda divisão - FOTO: Bobby Fabisak / JC Imagem
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A Série A2 do Campeonato Pernambucano, prevista para começar no dia 10 de setembro, vai ter um charme extra. Times tradicionais do interior, como o Sete de Setembro, de Garanhuns, estão ressurgindo para disputar a competição. Assim, estádios como o Gigante do Agreste (casa do alviverde), que já receberam até partidas da Série B do Campeonato Brasileiro, vão voltar a ver a bola rolar em uma partida oficial três anos depois. Após sete anos de inatividade, outro clube bem conhecido, o 1º de Maio, de Petrolina, também vai retornar nesta Segundona do Pernambucano. Dois antigos times que simbolizam datas do passado. Que querem voltar a ser lembrados no futuro.

Como o nome indica, o orgulho de Garanhuns foi fundado no dia Sete de Setembro de 1950. Logo se sobressaiu e chegou a ser hexacampeão municipal. Ainda amador venceu o pentacampeão Náutico (que viria a ser hexa estadual) por 3x0 em fevereiro de 1968, em Garanhuns. Disputou pela primeira vez o Pernambucano em 1982 e seguiu até 1994, quando foi rebaixado. No ano seguinte, foi campeão da Segunda Divisão. Por causa de problemas financeiros ficou de fora e retornou à competição algumas vezes nos anos seguintes. O último suspiro na A2 foi em 2014.

Entre as idas e vindas no Estadual, o Gigante do Agreste entrou para a história do futebol brasileiro em 2003, ao receber a partida entre Sport e Palmeiras no dia 22 de novembro daquele ano, pela Série B. Isso porque no último jogo entre as equipes na Ilha do Retiro, em outubro, um dirigente rubro-negro invadiu o gramado, o que gerou a perda do mando de campo. Então, o Leão enfrentou o Porco, pelo quadrangular classificatório à Série A em Garanhuns e perdeu por 2x1.

Lembranças de grandes jogos que a atual direção do Guará do Agreste quer resgatar. Para isso, foi preciso uma engenharia financeira. Ao longo dos anos, o time foi acumulando dívidas trabalhistas que chegaram a quase R$ 600 mil. Por conta disso, o Gigante do Agreste chegou a ir a leilão.

Para não ficar de fora da Série A2 pelo terceiro ano consecutivo, a direção do clube renegociou as dívidas, pegou empréstimo junto à Federação Pernambucana de Futebol (FPF), buscou recursos com empresários locais e até com a prefeitura do município vizinho, São João. Assim, conseguiu saldar parte dos débitos, requalificar o estádio e montar um time, inclusive com a contratação de um atacante de renome, Araújo.

“Estamos retornando ao Pernambucano com bastante otimismo, a cidade está em polvorosa, pois o Agreste meridional vai voltar a ter um representante. E o nosso objetivo é um só voltar a elite do Estadual, que é onde o Sete de Setembro pela história dele e importância para a região merece estar”, afirmou o presidente do clube Inaldo Vilela.

O retorno do samurai

Dizem que os samurais quanto mais velhos mais se tornam exímios com a espada. Ao menos é nisto que acredita um tal de Clemerson de Araújo Soares, que aos 40 anos foi apresentado, na última quarta, com pompa como grande reforço do Sete de Setembro. O nome completo pode não gerar respeito, mas basta falar somente Araújo, ex-seleção brasileira, para até olhos puxados se arregalarem. Sim, o incansável “samurai” está de volta. E ainda mais afiado, garante.

Lâmina criada e forjada em Caruaru, no Agreste. Araújo deu os primeiros chutes nas categorias de base do Central e depois foi para o Porto. De lá o menino tímido e franzino decolou. Ganhou o Brasil. E o mundo. Só no país teve passagens por clubes como Goiás, Náutico, Cruzeiro, Atlético-MG e Fluminense. No exterior, jogou no Catar e Japão, onde ganhou fama, tendo sido eleito o maior artilheiro do mundo em 2005, por ter feito 33 gols em 33 jogos. Foi nos gramados nipônicos que fez sucesso como o “samurai do futebol”.

Todavia, na última passagem internacional, em 2015, na Bulgária, não brilhou tanto assim e depois de ficar sem clube decidiu retornar onde tudo começou no ano seguinte. No melhor estilo “o bom filho à casa torna”, foi anunciado com festa pelo Central. No Pernambucano de 2016, ainda chegou a marcar três gols. Mas após a eliminação da Patativa no campeonato surpreendeu. Várias vezes e de várias formas. Primeiro por ter anunciado a aposentadoria. Depois por ter arriscado a vida política ao concorrer - sem sucesso - ao cargo de vereador em Caruaru. Na sequência, surpreendeu outra vez ao voltar atrás na decisão de aposentar as chuteiras e anunciar a ida para o Las Vegas United, dos EUA, que não se concretizou.

A mais recente surpresa de Araújo foi a de acertar com o Sete de Setembro para esta a A2 local e continuar surpeendendo. Agora dentro das quatro linhas. “Tenho comprometimento com o futebol desde os dez anos e agora não é diferente e mais ainda. Porque quero mostrar que tenho condições e sei do meu potencial. Estou pronto para ser o samurai de Garanhuns”, garantiu.

Após punição, 1º de Maio quer escrever nova saga

O 1º de Maio também está voltando para a Série A2 após um longo período de inatividade e polêmica. A última participação do time de Petrolina foi em 2010, quando devido às dificuldades financeiras abandonou a competição e por isso foi punido pela FPF com o afastamento dos torneios por dois anos.

O time, ainda amador, foi criado na década de 1960 por um grupo de operários, por isso o nome em homenagem ao Dia do Trabalhador. Em 1985, o clube foi, de fato, fundado. Dez anos depois foi campeão do Centenário de Petrolina e no mesmo ano se profissionalizou. Em 1996, foi vice-campeão da A2 e conseguiu o acesso à elite, mas foi rebaixado dois anos depois. Em 2002, houve um novo vice-campeonato com acesso e no ano seguinte outra queda. Na sequência, a equipe seguiu fazendo fracas campanhas até a desistência em 2010.

Insucessos que o clube mais antigo de Petrolina quer deixar para trás. Com elenco formado 70% por jovens jogadores da própria região, o Azulino está fazendo a sua preparação na cidade vizinha Juazeiro, na Bahia, onde o clube mantém um centro de treinamento. “Ninguém na região tem uma estrutura como a nossa de investimento na base. Estamos voltando com o 1º de Maio sonhando alto e nossos planos são daqui a seis anos no máximo estar na Série D ou C do Brasileiro”, afirmou o presidente do clube Josué Nascimento.

PETROLINA

Depois de muito alarde, o Petrolina Social Futebol Clube, que chegou a anunciar grandes planos e a contratação do técnico Andrade, campeão brasileiro com o Flamengo em 2009, pode não participar da A2 deste ano. O presidente Cirineu Ribeiro informou que o trato com o treinador foi desfeito e que o estádio Paulo Coelho pode não ficar apto para o torneio. Ele, que também é vice-presidente da Juazeirense, disse que se for participar da A2 será com a base da equipe baiana.

Gavião do Agreste tenta voar de volta para a elite

Ao contrário do Sete de Setembro e 1º de Maio, que estão comemorando a chance de voltar a disputar a A2 do Estadual, o Porto, de Caruaru, um dos clubes mais tradicionais do Agreste, encara o torneio apenas como um trampolim para voltar a elite do futebol pernambucano, onde quase sempre esteve. E com sucesso, diga-se de passagem. Após uma campanha irregular no ano passado, terminou como vice-lanterna no Hexagonal da permanência e foi rebaixado.

Em seus 24 anos de existência, completados no final do mês passado, o Clube Atlético do Porto só havia sido rebaixado uma vez em 2002 e no seguinte foi campeão da Série A2, conseguindo o retorno à divisão principal. Repetir essa história é objetivo do da equipe caruaruense.

“A realidade foi esta e a gente espera que ela se repita. O Porto chega muito forte e preparado e por isso a nossa pretensão é subir de divisão já este ano. Sabemos que como só vai subir um time a dificuldade será duplicada. Todos os outros concorrentes têm o mesmo objetivo e não será fácil, mas o Porto será um grande candidato”, afirmou o presidente do clube José Porfírio.

O Gavião do Agreste já deu grandes voos. E muito rápido. Fundado em 1993, chegou ser vice-campeão duas vezes em 1997 e 1998. No ano seguinte, chegou a disputar, além do Pernambucano, a Copa do Nordeste e a do Brasil. Tendo sido criado já com a intenção de formar atletas, o Porto, que possui um Centro de Treinamento invejável, estando entre os melhores do Nordeste, já ajudou a revelar diversos joias, como Josué, Rômulo e Araújo (que foi apresentado no Sete de Setembro).


“Com todo respeito aos adversários, mas o Porto, pela estrutura que tem, não é para estar em uma Segunda Divisão. Trabalhamos as categorias da sub-14 à sub-20, de janeiro a janeiro, com 36 funcionários e mais de 40 atletas com carteira assinada. Isso é uma estrutura para a Primeira Divisão”, destacou Porfírio. Para conseguir de fato o acesso, o Gavião, além da boa base, ainda está se reforçando. O clube já contratou o lateral-direito Baiano (ex-Central) e o volante Vágner Rosa (ex-Central, Náutico e Santa Cruz).

 

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