A justiça suíça abriu um processo penal contra o francês Jérôme Valcke, ex-secretário-geral da FIFA, e Nasser Al-Khelaifi, diretor da sociedade BeIn Media e presidente do PSG, "pela concessão dos direitos de imprensa nas Copas do Mundo de futebol", anunciou nesta quinta-feira o Ministério Público suíço.
Uma investigação foi aberta em 20 de março por "suspeitas de corrupção, fraude, gestão desleal e falsificação de documentos", declarou o MPC, afirmando que uma operação "coordenada" foi realizada por vários países neste processo.
Em colaboração com as autoridades competentes da "França, Grécia, Itália e Espanha, operações de busca e apreensão foram realizadas simultaneamente e em diferentes lugares", acrescentou o MPC.
Poucas horas depois da revelação do processo, o grupo BeIN Media "negou todas as acusações". "O grupo vai colaborar plenamente com as autoridades e espera com interesse pela continuidade da investigação", acrescentou em comunicado transmitido à AFP.
Jérôme Valcke também negou as acusações: "M. Valcke foi ao escritório do MPC para ser ouvido. Saiu livre, sem nenhuma medida de coerção contra sua liberdade nem pagamento de fiança", declarou o advogado Stephane Ceccaldi à AFP.
Valcke
Jérôme Valcke, suspenso por 10 anos por outro caso de corrupção, é suspeito de ter "aceito vantagens indevidas em relação à concessão de direitos de imprensa em certos países por um empresário no domínio dos direitos esportivos em relação às Copas do Mundo de Futebol da Fifa de 2018, 2022, 2026 e 2030 e da parte de Nasser Al-Khelaïfi nas Copas do Mundo da Fifa de 2026 e 2030", acrescentou o MPC.
Valcke, ex-secretário-geral da Fifa e antigo braço direito do ex-presidente da organização esportiva Sepp Blatter, também suspenso, foi ouvido nesta quinta-feira na Suíça na qualidade de acusado, o equivalente ao status de indiciado, por representantes do MPC.
"Ninguém foi colocado em prisão preventiva", indicou o MPC.
O ex-jornalista do Canal+, que agora reside na Espanha, estava na Suíça, onde participou na quarta-feira em Lausanne de uma audiência do Tribunal de Arbitragem do Esporte. Nesse caso, ele contesta sua suspensão de 10 anos imposta pela justiça interna da Fifa por seu envolvimento em um caso de revenda de ingressos da Copa do Mundo 2014.
A Fifa condenou Valcke em primeira instância no último dia 16 de fevereiro, impondo suspensão de 12 anos para qualquer atividade relacionada com futebol. Depois de recurso, a pena foi reduzida para 10 anos.
Valcke foi afastado das suas funções em setembro de 2015, acusado em um processo de revenda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. No dia 14 de fevereiro de 2016, foi demitido do cargo.
Por esses fatos, o MPC lembrou que Valcke é alvo de outro processo criminal, aberto por suspeita de vários atos de gestão desleal.
Valcke foi o colaborador mais próximo de Blatter, suspenso por oito anos pela Comissão de Ética da Fifa pelo controvertido pagamento de 1,8 milhão de euros em 2011 a Michel Platini por um trabalho de assessoria sem contrato por escrito. A punição foi reduzida a seis anos.
A Fifa também abriu outro inquérito, em setembro, para investigar suspeitas de conflito de interesses e corrupção contra Blatter, Jerome Valcke e o alemão Markus Kattner, ex-diretor financeiro convertido em secretário geral.
Os antigos colaboradores repartiram 80 milhões de dólares em bonificações e aumento de salários "em um esforço coordenado de enriquecimento pessoal", segundo a Fifa.