Uma infeliz coincidência. No mesmo dia em que as torcidas organizadas protagonizaram mais um episódio de violência, no último domingo, antes do jogo entre Santa Cruz e Remo, no Arruda, pela Série C do Brasileiro, há exatamente um ano acontecia a última morte conhecida em decorrência das confrontos das facções em Pernambuco. No dia 8 de julho de 2017, o integrante da Torcida Jovem do Sport, Mateus Lira da Silva, de 19 anos, morreu no Hospital da Restauração, depois de no dia anterior ter se envolvido em uma briga com tricolores da Inferno Coral, na estação do Barro do Metrô do Recife, após o jogo entre Santa Cruz e Brasil- (RS), na Arena, pela Série B.
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Um ano já separa os dois incidentes e a impressão é que nada mudou. A coincidência é apenas terem sido na mesma data porque ao longo desse período, infelizmente, vários outros duelos entre as organizadas já ocorreram. Todavia, o último que se tem notícia oficialmente de que terminou em morte foi mesmo o do jovem Mateus. Quase ninguém soube do caso que tentou ser “abafado”. Um silêncio que perdura e incomoda até hoje, com os parentes reclamando que não tiveram resposta da polícia e das autoridades.
#JCEsportes Briga entre torcidas organizadas na tarde deste domingo (8), na rua Cônego Barata, na Zona Norte do Recife. pic.twitter.com/pG8a041mKH
— Jornal do Commercio (@jc_pe) 8 de julho de 2018
“Uma semana depois do crime, a polícia chamou a gente da família e alguns amigos de Mateus para fazer o reconhecimentos dos suspeitos por fotos e vídeos. Mas depois disso não entraram mais em contato. Já fomos na delegacia umas três vezes depois e não tivemos nenhuma resposta sobre o andamento das investigações, se prenderam os culpados, nada mesmo. A mãe dele já deu o caso como perdido”, disse o tio de Mateus, que não quis se identificar.
O crime aconteceu por volta das 22h, na estação do Barro, onde integrantes da Jovem e Inferno Coral se encontraram depois do jogo do Santa com o Brasil de Pelotas, na Arena de Pernambuco. Houve correria e pancadaria no local. Um vídeo enviado na ocasião para o JC mostrou dois homens feridos no chão da rampa que dá acesso a estação. Uma das vítimas era justamente Mateus. Ele foi socorrido pelo Samu inicialmente para o Hospital Geral de Areias e em seguida para o Hospital da Restauração. Ele sofreu traumatismo craniano e morreu na tarde do dia seguinte. O enterro foi no Cemitério do Pacheco, em Jaboatão dos Guararapes.
Questionado sobre a confusão ocorrida exatamente um ano depois da morte do sobrinho, ele foi enfático. “Com certeza os caras que identificamos para polícia estavam lá soltos arranjando confusão de novo. A lei, infelizmente, é assim”, reclamou.
POLÍCIA
A reportagem do JC procurou a assessoria de imprensa da Polícia Cívil de Pernambuco que informou que “o inquérito policial está em investigação e corre em sigilo, portanto, não podemos passar informações. Nós nos pronunciaremos quando concluímos o inquérito”.