O balancete financeiro do Náutico, publicado de forma equivocada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF), já que apenas o balanço da temporada 2017 deveria ser colocado no site da FPF, trouxe um cenário financeiro assustador para um clube centenário do futebol do Estado. Dentre todos os números, atualizados até dezembro de 2017, o que mais preocupa são os passivos com jogadores e treinadores que passaram pela Rosa e Silva. Entre acordos extrajudiciais e débitos com luvas, direito de imagem e processos, o valor passa de R$ 42 milhões.
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O maior montante de débitos relacionados ao futebol corresponde aos processos judiciais. São R$ 26 milhões em 202 ações. Entre os nomes identificados pelo JC, muitos usam CNPJ, apenas o número do processo ou não estão com os nomes completos no balancete, uma surpresa. Na lista, ex-jogadores badalados como Daniel Paulista (R$ 127 mil, jogou pelo Timbu na temporada 2007); ex-lateral Baiano (R$ 777 mil, 2007); ex-meia Cristian (R$ 611 mil, 2007); ex-atacante Felipe (R$ 442 mil, entre 2006 e 2008); ex-centroavante Alexandro (R$ 690 mil, 2011); ex-meia Marcel (R$ 436 mil, 2007) e ex-zagueiro Everaldo (R$ 553 mil, 2007 e 2008). Mas nenhum chega perto do desconhecido volante André Gheller, que jogou em 2002 pelo Timbu e cobra R$ 1,3 milhão.
Na seção de direitos de imagem, parte mais significativa do salário dos jogadores em clubes profissionais, são 72 débitos com fornecedores. Entre as empresas dos atletas e membros da comissão técnica, os nomes do goleiro Gideão (R$ 156 mil por jogar no Náutico entre 2010 e 2014), o meia Pedro Carmona (R$ 162 mil, 2014 e 2015), o técnico Givanildo Oliveira (R$ 186 mil, 1985, 2003, 2003 e 2016) e até o ídolo Kuki (R$ 35 mil, de 2001 a 2010). O montante maior é de Martinez. O ex-volante, que atuou pelo clube alvirrubro em 2012 e 2013, cobra R$ 1,3 milhão de direitos de imagem.
Em acordos judiciais, um número menor de débitos negociados. São 34 ações que contabilizam R$ 3,5 milhões. O maior acordo é o do ex-atacante Olivera, uruguaio que jogou no Timbu em 2013 e que tem que receber R$ 720 mil. Outros casos: o volante Elicarlos (R$ 201 mil, entre 2006 a 2008, 2011 a 2016); goleiro Felipe (R$ 270 mil, 2012 e 2013); volante Derley (R$ 254 mil, 2008 a 2013); o ex-volante Magrão (R$ 516 mil, 2013) e o meia argentino Diego Morales (R$ 545 mil, 2013).
Fechando os atletas, nas luvas e comissionamento para empresários e representantes, o argentino Diego Morales aparece novamente, com R$ 114 mil. Além dele e de Martinez (R$ 350 mil), são 19 casos que totalizam R$ 1,1 milhão. Outro exemplo é o do lateral Douglas Santos, que cobra R$ 101 mil e atuou pelo Náutico entre 2010 e 2013.
DIRIGENTES
O balancete também mostra uma relação de empresários alvirrubros que fizeram empréstimos ao clube. Ao todo, são 15 pessoas e total de R$ 1,2 milhão. Américo Pereira tem o maior montante, com R$ 454 mil. Quem vem logo atrás é Hélio Monteiro, diretor de futebol na gestão de Paulo Wanderley, nas temporadas 2012 e 2013, com R$ 407 mil. Da atual gestão, Gustavo Ventura, presidente do Conselho Deliberativo, com R$ 23,4 mil, também se destaca entre os números. Procurada pela reportagem, a atual diretoria preferiu não se pronunciar sobre os números, afirmando que fez a obrigação de divulgar o balanço.