Tornou-se comum mulher comentar futebol, jogar futebol e até apitar uma partida de futebol. O que antes era raro virou algo comum com a invasão de árbitras e assistentes atuando no Campeonato Brasileiro. Atualmente, o Estado possui quatro representantes na arbitragem, três da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e uma da Fifa – Ana Karina, de 32 anos, a única pernambucana que tem autorização para apitar jogos internacionais, tanto que ela foi designada para trabalhar na versão feminina da Copa Libertadores da América, sediada pelo Estado até o próximo domingo.
Conhecida entre os futebolistas locais, Ana nem sequer conhecia as regras do esporte quando decidiu se aventurar no curso da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), em 2002. Na época, ela era universitária e a sua única relação com o esporte era pelo vôlei. “Um amigo me disse que tinha um curso para formar árbitros promovido pela FPF e só tinha uma mulher inscrita. Então, eu resolvi participar, mas não sabia nada de futebol”, contou.
Quando ela se formou, apenas seis mulheres faziam parte do quadro de árbitros de Pernambuco, entre elas estava Maria Edilene, que também era a única juíza da Fifa. “Foi uma honra conhecê-la e aprender com ela. Também admiro e me inspiro no trabalho de Valdomiro Matias e Sálvio Espínola. Eles tinham uma postura e disciplina em campo que eu sempre busco”, completou Ana, que no início da carreira confessou ter sofrido preconceito. O respeito foi algo conquistado durante os anos de profissão.
No currículo, Ana Karina tem participação em cinco competições sul-americanas e dois mundiais (Universíade de 2011 e Sub-20 de 2012). “Além desses torneios, o jogo mais importante do ano foi entre Central e Salgueiro, no Estadual. Com essas experiências eu consigo enxergar os tabus se quebrando”, argumentou.
Além de Ana Karina, Pernambuco conta com a árbitra Débora Cecília e as bandeirinhas Karla Santana e Daniele Andrade, todas da CBF. Elas participaram do Congresso Internacional de Arbitragem da Fifa, que ocorreu essa semana em Maria Farinha. “Esta é uma oportunidade única de a gente entrar em contato com os principais nomes da arbitragem mundial e sonhar com a possibilidade de integrar o quadro da maior entidade do futebol”, disse Karla.