Jornal do Commercio - Que valores do esporte você costuma levar para as suas palestras, já que, em tese, está falando para universos completamente diferentes?
Giba - Se você parar para observar, não tem tanta diferença. Todo mundo tem metas a cumprir, dificuldades para superar, um chefe... Então é essa analogia que eu procuro fazer com o mundo corporativo. Após as três palestras que eu dei em outros Estados, ficou ainda mais nítido que a sincronia é total. Não é tão diferente. Em qualquer área é necessário sacrifício, dedicação e vontade para continuar fazendo o melhor. A zona de conforto é algo que não pode existir nunca, se não você começa a cair.
JC - Fala um pouco sobre a pressão que as seleções masculina e feminina de vôlei devem enfrentar durante os Jogos do Rio, já que o vôlei é um esporte que sempre traz muitas medalhas. O momento da modalidade no País é bom?
Giba - Se a gente parar para ver, tem muita gente criticando porque o Brasil não está ganhando. Acho que a grande culpa disso é nossa (de sua geração). A gente acostumou vocês mal. A minha geração acabou tendo uma hegemonia de praticamente 12 anos. Mas se a gente for ver o retrospecto da seleção desde que os atletas da minha época saíram (em 2013), vamos perceber que esse time foi para a final da Liga Mundial e ganhou a Copa dos Campeões. Foi para a final da Liga Mundial (2014) novamente e do Campeonato Mundial (2014). Então, o Brasil esteve em todas. Aí foi Rússia na primeira final (da Liga Mundial de 2013), ganharam a Copa dos Campeões, depois Estados Unidos na segunda final (da Liga de 2014) e Polônia na final (do Campeonato Mundial de 2014). A diversidade dos outros países é grande, mas a gente continua ali. Mesmo ficando em segundo, acho que mostra que o trabalho continua certo. Até porque eu fui para uma entrevista em São Paulo e me perguntaram se eu não me arrependia da prata em Pequim-2008. A minha resposta foi não. Em Jogos Olímpicos, nós fomos ouro, prata e prata (Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012). O Brasil tem uma geração que é conhecida como Geração de Prata, depois a de Ouro (que foi campeã nos Jogos de Barcelona-1992). E a gente? Não é demérito nenhum.
JC – Você também tem atuado como comentarista em jogos de vôlei. O que é mais difícil: ter de virar uma bola em um momento decisivo da partida ou encarar as câmeras?
Giba – Hoje é mais tranquilo. Tudo é treinamento. Para chegar à excelência você precisa de estudo, você precisa de treinamento. Então, esse um ano e meio (em que ele também trabalha como comentarista) está me dando a base para que eu consiga fazer como comentarista o que eu fiz durante 20 anos nas quadras.
JC - Sua biografia foi lançada há alguns meses e houve algumas polêmicas. Você ficou satisfeito com a repercussão?
Giba – Existem alguns meios de comunicação com quem eu particularmente não converso, até porque deturpam o que a gente coloca, então eu prefiro não falar, pois sei que vai dar problema. Em alguns veículos, saiu isso (que o Brasil entregou o jogo contra a Bulgária para ter um caminho mais fácil à final do Mundial de 2010). Eu liguei para o Bernardo para falar sobre isso e, quando ele pegou o livro, ele falou: “realmente o que eles colocaram não tem”. Eu respondi: “você trabalhou comigo 12 anos e não acredita em mim? Fica difícil né?”. Mas não tenho problema nenhum com o Bernardo. Resolvemos tudo como homens, sentamos e conversamos.
