O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (20), a realização dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto, apesar da crise financeira do Estado, que decretou situação de calamidade pública na semana passada. Segundo o ex-presidente, os governos do PT fizeram os maiores repasses de recursos para o Rio desde 2006, mas negou "compromisso partidário" nas transferências, feitas para políticos aliados do PMDB fluminense.
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"Fiz um compromisso para construir uma parceria com o governo federal (...) e ajudar a recuperar o Rio, tirar das páginas policiais. Duvido que nos últimos 50 anos aconteceu um governo que transferiu tanto dinheiro. Fizemos isso não por compromisso partidário, mas por que entendemos que era direito do Rio", disse Lula.
O ex-presidente participou na noite desta segunda-feira do ato de lançamento da pré-candidatura da deputada federal Jandira Feghali (PC do B) à prefeitura do Rio. A deputada será líder na chapa com o PT, que até abril integrava os governos do PMDB no município e no Estado. A parceria só foi desfeita após o apoio do partido ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff
Lula afirmou ainda que a conquista da realização da Olimpíada no Rio é "um dos maiores orgulhos" de sua vida. O presidente deu um recado ao prefeito e ao governador do Rio, sem citar nominalmente Eduardo Paes (PMDB) e Francisco Dornelles (PP). "Se alguém tem vergonha, queria dizer ao governo e ao prefeito, não escondam nenhum pobre, não tire o pobre quando chegar um convidado. mostre a cara do nosso povo do jeito que ele é. Se a gente tiver vergonha da gente, se a gente não se respeitar, quem vai respeitar?", questionou o ex-presidente.
"A medalha mais importante que podemos ganhar é mostrar ao mundo que somos cidadãos de primeira classe, que gostamos de respeito e que não devemos nada a ninguém."
'Corpo e alma'
O petista foi a grande estrela do lançamento da pré-candidatura de Jandira Feghali, na Lapa, região central do Rio. Lula disse que estará "de corpo e alma nas ruas" durante a campanha à prefeitura.
O ex-presidente também ressaltou que a campanha eleitoral de outubro será a primeira sem financiamento empresarial. Segundo ele, as pessoas precisarão contribuir com recursos para viabilizar as candidaturas, mas indicou que os políticos estarão mais presentes nas ruas.
"Não haverá programa de televisão fictício como filme de Hollywood dirigido pelo Spielberg. Vamos ter que provar que nossa militância e compromisso com a verdade no País é muito mais importante que a dinheirada que a classe empresarial coloca nas campanhas eleitorais a cada ano", defendeu Lula.
Mais cedo, os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PC do B, Luciana Santos, afirmaram que as campanhas municipais terão papel de defender o legado dos governos de Lula e Dilma, além de defender a democracia e questionar o governo provisório de Michel Temer (PMDB).
Falcão sugeriu que seja formada uma "frente ampla de esquerda" para as eleições e indicou que o apoio à chapa encabeçada pelo "aliado histórico" PC do B "deveria ter vindo antes".
Além de lideranças de centrais sindicais, como a CUT e a CTB, também participaram do ato representantes de movimentos sociais,lideranças religiosas, ativistas e artistas como Beth Carvalho e o ator Bemvindo Siqueira.
Jandira
Em seu pronunciamento como pré-candidata, Jandira Feghali afirmou que os recursos transferidos pelos governos petistas foram "mal utilizados". Ela agradeceu o apoio do ex-presidente. "Ter o Lula na campanha é certeza de vitória", afirmou a parlamentar.
A deputada federal disse ainda que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra as denúncias feitas pelo delator Sérgio Machado, de que teria distribuído recursos de propinas para a campanha eleitoral da deputada.
"Nesta luta há característica do fascismo: a propaganda, a propaganda da mentira. Vou entrar com uma denuncia no STF para que esse caso seja definitivamente arquivado. Lula, com você não cola e em mim não cola. Lavem a boca com água sanitária antes de falar de Jandira e Lula", afirmou.