O fato de a maioria dos pilotos da Fórmula Truck ter debandado do grid, entre eles o pernambucano Beto Monteiro, não vai fazer a Prefeitura de Caruaru recuar da ideia de receber a corrida em setembro. Na semana que vem, o contrato para a realização da prova deve ser assinado, após a negociação sobre a contrapartida financeira que o município dará à categoria. A postura da Capital do Agreste está na contramão de outros autódromos, que estão desistindo de receber a Truck após o início do embate com seus corredores.
Na primeira etapa da Fórmula Truck, no último dia 19, no Velopark (RS), apenas oito caminhões entraram na pista – no ano passado, eram 24 no grid. O boicote dos pilotos e equipes deve-se a oposição que fazem a organizadora da categoria, Neuza Navarro. “Ela (Neuza) nos explicou tudo que aconteceu na primeira etapa e disse que o motivo central foi a falta de patrocínio, mas que está resolvendo tudo com os pilotos. Caruaru está confirmado no calendário da Truck e faremos tudo para realizar a corrida”, disse Amon Queiroz, gestor do autódromo caruaruense.
No entanto, o discurso dos pilotos é outro. De acordo com o pernambucano Beto Monteiro, ninguém voltará a entrar na pista até que o comando da Truck mude de mãos. “A organização quer fazer o que quer, sem falar com os pilotos e as equipes. Queremos apenas respeito. Afinal, somos os protagonistas da categoria”, disse Beto, bicampeão da Truck (2004 e 2013). “Ela não disse que conseguiria fazer a Truck sem nós (pilotos)? Que faça então”, completou.
Através de um comunicado emitido pela recém-criada Associação de Pilotos e Equipes, os pilotos explicaram os motivos que levaram à ruptura. “O grupo formado por nove equipes e seus respectivos pilotos que participaram do Campeonato Brasileiro de F-Truck em 2016 comunica que seus integrantes não participarão do certame de 2017, em virtude de conflito de ideais que vem norteando a categoria nas últimas temporadas, como falta de diálogo entre organização e equipes, incerteza de chancela do evento pelo órgão competente e falta de calendário prévio (anunciados apenas na segunda quinzena de fevereiro)”, diz o texto enviado pela Associação.
A reportagem do JC tentou contato com a promotora Neuza Navarro, mas ela não atendeu às ligações.