Após 15 meses de suspensão, a tenista russa Maria Sharapova voltou ao circuito profissional nesta quarta-feira com vitória. Em sua estreia no Torneio de Stuttgart, a ex-número 1 do mundo derrotou a italiana Roberta Vinci por 2 sets a 0, com parciais de 7/5 e 6/3, em 1h43min, no saibro da competição alemã.
A dona de cinco títulos de Grand Slam voltou ao circuito após cumprir suspensão por doping. A punição inicial era de dois anos, mas ela obteve a redução na Corte Arbitral do Esporte (CAS) no ano passado. Ela fora punida por doping por ter sido flagrada com Meldonium em sua amostra colhida no Aberto da Austrália do ano passado.
A substância havia acabado de entrar na lista de proibição da Agencia Mundial Antidoping (Wada) e Sharapova, assim como vários outros atletas da Rússia flagrados com a substância, foi punida. Neste período de 15 meses, a tenista russa ficou totalmente afastada das competições.
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Para voltar ao circuito já disputando um torneio de médio porte, Sharapova precisou de um convite. E, nesta quarta, fez valer a aposta da organização de Stuttgart. Exibindo grande forma física e técnica, a russa quase não oscilou em quadra e mostrou força no saque, fundamento que costuma lhe causar dificuldades. Ela cravou 11 aces e cometeu três duplas faltas.
No set inicial, Sharapova chegou a perder o saque. Mas se impôs no saque da rival por duas vezes e fechou a parcial. No segundo, já começou quebrando a 36ª colocada do ranking, o que abriu a vantagem necessária para fechar a parcial e a partida. Sua próxima adversária será a compatriota Ekaterina Makarova, 43ª do mundo, pelas oitavas de final.
Após um ano e três meses de gancho, no qual perdeu quatro torneios de Grand Slam e os Jogos do Rio-2016, a ex-líder do ranking perdeu todos os seus pontos na WTA e não conseguiria disputar as principais competições do circuito sem ao menos tentar entrar no qualifying, que dá vaga na chave principal dos torneios. Assim, precisou pedir convites da organização para voltar a jogar, nesta semana, em Stuttgart.
O "wild card" em Stuttgart gerou polêmica no circuito. Muitas rivais criticaram o favorecimento da russa que, na avaliação de alguns dos principais tenistas da atualidade, deveria passar pelo quali e por torneios menores para somar seus pontos. O escocês Andy Murray, atual número 1 do mundo, e a alemã Angelique Kerber, vice-líder do ranking feminino, reclamaram publicamente do eventual convite, que poderia ser considerado uma premiação ao doping da russa.
Além disso, o "wild card" causou mal-estar no circuito porque o principal patrocinador do torneio alemão, a Porsche, também é um dos principais apoiadores individuais da tenista. Com o convite à Sharapova, tenistas alemãs perderam a chance de entrar direto na chave principal porque, via de regra, os convites são distribuídos para atletas da casa de nível juvenil ou para aquelas que já obtiveram bons resultados mas apresentam ranking baixo em razão de lesões ou problemas de saúde.
Outra crítica interna no circuito feminino foi a que o convite teria causado mudanças na programação do Torneio de Stuttgart para adequar o primeiro jogo de Sharapova ao fim de sua punição. Ela só poderia estrear nesta quarta. Antes disso, não pôde treinar nas quadras auxiliares e nem frequentar as instalações da competição alemã.
Próximo passo
A dona de cinco títulos de Grand Slam já tem convite para jogar as chaves principais de Roma e Madri, nas próximas semanas. Mas sua maior meta é competir em Roland Garros, o primeiro Grand Slam que poderia jogar desde o seu retorno. A organização, contudo, rejeitou inicialmente seu pedido de convite. Mas aceitou uma reunião com ela para discutir o assunto no início de março. Desde então, a direção de Roland Garros vem fazendo mistério sobre a decisão.
A organização da competição francesa resiste a dar o convite a uma tenista punida por doping. Nesta quarta, o presidente da Federação Francesa de Tênis, Bernard Giudicelli, afirmou que o anúncio sobre os "wild cards" sairá somente no dia 16 de maio e não garantiu o nome de Sharapova entre eles. "Não há razão para fazer exceção à Maria Sharapova. Não há motivos para anunciar um convite a ela antes das demais", declarou.
Uma possível solução para o caso, que vem sendo discutida nos bastidores de Roland Garros, seria conceder um convite para a russa disputar o qualifying. Assim, Sharapova teria que vencer as três rodadas da fase de classificação para conseguir a vaga almejada na chave principal de Paris.