Iniciativa

Pernambucano à frente de programa que usa o jiu-jítsu contra o bullying

Victor Estima está à frente do No More Bullying (Chega de Bullying) desenvolvido pelos Gracie para combater o problema

Luana Ponsoni
Cadastrado por
Luana Ponsoni
Publicado em 20/08/2017 às 8:52
Arquivo pessoal
FOTO: Arquivo pessoal
Leitura:

Atos repetidos de violência física ou emocional de aluno para aluno são replicados em escolas de Pernambuco, do Brasil e de todo o mundo. Atenta a essa realidade, a família Gracie, criadora do jiu-jítsu brasileiro, desenvolveu um programa mundial de combate a essas práticas. O No More Bullying (Chega de Bullying) usa a filosofia da arte marcial para ajudar crianças e jovens a enfrentarem esse problema.  Os trabalhos começaram nos Estados Unidos, em 2012, e já se espalharam por todos os continentes. Um dos responsáveis pelo programa da Europa é o pernambucano Victor Estima, que esteve no Estado para difundir o jiu-jítsu como alternativa de erradicação do bullying escolar.

“Enquanto muitas academias se preocupavam em vencer campeonatos mundiais, as lideranças da Gracie Barra, na figura do mestre Carlos Gracie Júnior, começaram a desenvolver métodos que usam o jiu-jítsu como defesa pessoal para as mulheres, de combate ao bullying. É o jiu-jítsu para todos. Um movimento por um mundo melhor”, comentou Victor.

De acordo com o pernambucano, um dos gerentes regionais da Gracie Barra (GB) na Europa – o outro é o seu irmão Braulio Estima – o No More Bullying é estruturado em quatro passos. O primeiro faz a criança reconhecer, nos menores indícios, a proximidade da violência. Nesse estágio, a orientação é que a vítima ignore o agressor. “É a atenção que alimenta o bullying. O agressor acha que está influenciando a vítima e vai crescendo à medida que acha estar no controle da situação”, explicou.

Arquivo pessoal
Programa No More Bullying orienta os alunos de jiu-jítsu a terem quatro tipo de ações - Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
A primeira é ignorar as provocações. Depois se impor diante de situações difíceis - Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Se o bullying evoluir para ataques físicos, as crianças saberão usar técnicas de defesa pessoal - Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Por fim, é necessário chamar um adulto, jamais lidar com a situação sozinho - Arquivo pessoal

Depois as instruções são para que as crianças que se sentem intimidadas saibam como se impor diante da situação. “A postura corporal é muito importante. Tem criança que fala: ‘Para com isso’, mas com a cabeça baixa, de forma intimidada. Ensinamos nossos alunos a se portarem de forma mais confiante.”

Se o primeiro e segundo passos não forem efetivos, os pequenos estarão prontos a se defender de qualquer reação mais intempestiva de quem lhes importuna. O estágio seguinte é pedir a ajuda de adultos e jamais tentar administrar o momento de ameaça sozinho. “Nunca ensinamos nossas crianças a serem as agressoras. Sempre falamos: existe a água e o fogo. Nossa arte não é de fogo. A gente não vai para atacar. Vai para conter o fogo. Mas também a água é muito forte e poderosa”, destacou.

Victor ressaltou que elas sabem como se defender contra os socos, encurtar a distância (para os golpes) e colocar o agressor no chão, de forma controlada. “Tenho um aluno que chegou a apanhar com taco de baseball. Ele e o irmão estudam em uma escola barra pesada de Notting Hill (Londres). Ele começou a treinar. Um dia, diante de uma tentativa de ataque, dominou a outra criança, imobilizou-a no chão e chamou a professora”, recordou.

AGRESSORES

Dentro do programa, é possível atender também os autores do bullying. “Os agressores costumam ter problema de autoconfiança. O jiu-jítsu afasta esse tipo de conduta de quem está acostumado a agredir. A criança adquire autoconfiança. Não precisa mais daquilo”, observou Victor Estima.

Últimas notícias