Há mais de seis décadas a cena se repete em Pernambuco. Muitas crianças, jovens e adultos vêm galgando etapas no judô durante os exames de faixa promovidos pelos senseis de uma mesma família. A história dos Moraes com a modalidade remonta 1954, quando Diógenes Moraes, alagoano radicado no Estado, recebeu a faixa preta do professor japonês Takeo Yano. Consciente dos benefícios do esporte, no mesmo ano, ele começou a dar aulas ao público infantil. Pela iniciativa, foi reconhecido pela Federação Pernambucana de Judô (FPJu) como um dos pioneiros da luta no Estado. Aos 87 anos, Diógenes não trabalha mais com a modalidade. A missão de disseminar as técnicas e valores do judô, porém, vem sendo bem cuidada pela família. Com a bisneta Giovanna Palmeira de Moraes, o sensei celebra a quarta geração do Moraes nos tatames.
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Como tem apenas 9 anos, Giovanna ainda não sabe se vai trabalhar com o esporte. Mas vem aproveitando os ensinamentos do pai, Erivaldo Moraes Júnior, para conquistar títulos importantes nos tatames. No começo de novembro, ela foi campeã brasileira com a faixa laranja no 17º Campeonato Brasileiro das Ligas de Judô. “Além de treinar com o meu pai, outra coisa que eu gosto muito mesmo é sentir a realização de conseguir ganhar uma luta, ganhar campeonatos, uma nova faixa. É uma conquista atrás da outra para mim. Para isso, estou sempre treinando, prestando atenção no que o meu sensei está falando e fazendo muitas repetições”, comentou Giovanna.
A judoca faz parte dos quase 100 atletas que integram o Instituto de Judô Erivaldo Moraes, inaugurado em 2015, na Madalena, Zona Norte do Recife. “Abri o meu instituto quando me tornei terceiro dan. Escolhi esse nome para homenagear o meu pai, que foi o meu primeiro sensei. Ele parou aos 40 anos para se dedicar à engenharia civil”, contou o pai e técnico de Giovanna, Erivaldo Moraes Júnior.
Como neto de Diógenes, ele representa a terceira geração da família que trabalha pelo desenvolvimento do judô no Estado. Antes de abrir seu instituto, Erivaldo dava aulas na academia do tio Carlson Moraes. Outro irmão de seu pai engajado na formação de novos atletas para a modalidade é Diógenes Moraes Júnior. “Eu comecei no judô aos três anos. Estou com 35. Então faz 32 anos que eu estou dentro do judô. Toda a nossa família é envolvida com esse esporte, todo mundo já praticou em algum momento da vida. Alguns foram até a faixa preta. Ao todo, na família, são sete faixas pretas e 27 dans. A quarta geração dos Moraes já está sendo vivenciada com a minha filha Giovanna. E os próximos vão seguir esse caminho. A minha esposa está esperando um bebê, é um menino. Ele vai nascer em maio e vai ser judoca, com certeza. Bem cedo já vai ter um quimono”, contou Erivaldo.
EMOÇÃO
De acordo com Erivaldo, apesar de não ensinar mais judô, o avô Diógenes, vez por outra, ainda puxa alguns treinos. Mas a maior realização do senhor de 87 anos, porém, ainda acontece quando ele vê alguma criança passando pela rua com o quimono sobre o ombro. “A sensação é de continuidade. Meu avô fica emocionado, não só com a bisneta (Giovanna). Até hoje, fica emocionado quando está passando na rua e vê uma criança com o quimono. Ele é um vibrante do judô. Porque sabe dos benefícios que esse esporte traz para as crianças. Trabalha a coordenação motora, a parte social, então só tem trazido benefícios para nós e temos investido nisso para ajudar outras famílias”, finalizou Erivaldo.