Superação

Pernambucana vence arritmia cardíaca maligna por amor ao judô

Amanda Lima preferiu se submeter à cirurgia para se livrar do problema que poderia colocar um fim ao sonho de ser atleta olímpica

JC Online
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Publicado em 02/09/2018 às 9:32
Arquivo Pessoal
Amanda Lima preferiu se submeter à cirurgia para se livrar do problema que poderia colocar um fim ao sonho de ser atleta olímpica - FOTO: Arquivo Pessoal
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Todo judoca sabe bem o que é ter meses de preparação frustrados em frações de segundos. Durante a luta, um mero descuido pode culminar no ippon, o golpe perfeito. Por muitos anos, a pernambucana Amanda Lima, de 19 anos, se acostumou a impor situações como essa às adversárias. Mas foi fora dos tatames que ela precisou se recompor para não sofrer uma derrota irreversível. Em janeiro deste ano, a atleta foi diagnosticada com uma arritmia cardíaca maligna, responsável por episódios de morte súbita. A descoberta veio justamente no momento em que Amanda já estava estabelecida em Minas Gerais, onde mora desde agosto de 2017 como contratada do Minas Tênis Clube. Não restavam muitas opções. Era se submeter à cirurgia ou abandonar o esporte e, consequentemente, o sonho de se tornar atleta olímpica.

“Se era um sonho mesmo que eu queria, voltar a treinar e ser uma atleta de ponta, eu teria de fazer a cirurgia. Não fosse por isso, era um problema que eu poderia conviver, mas eu não poderia fazer exercício intenso nenhum. E não era uma coisa que eu queria para a minha vida. Então eu preferi fazer a cirurgia”, relembrou a judoca.

Durante muito tempo, Amanda conviveu com os sintomas da arritmia sem saber que tinha o problema. Não era raro, em treinos ou competições, ela passar mal a ponto de vomitar. Fato que não é incomum entre atletas que se preparam para competir em alto rendimento. “Antes eu achava que era normal, pela perda de peso (para as competições). Eu passava mal e achava que era por causa do esforço. Mas era a arritmia, e eu não sabia. Aí, quando fiz um exame mais detalhado este ano, descobri o que eu tinha”, contou.

Naquele momento, Amanda estava há cinco meses como atleta do Minas Tênis Clube e começava a vivenciar a realização de um grande sonho. Revelada pelo Grêmio Recreativo Futuro em Ação (Grefa), de Igarassu, ela finalmente encontrou todas as condições para buscar o sonho de ser atleta olímpica. “Eu fiquei um pouquinho abalada emocionalmente. Porque, no final do ano passado, eu estava muito bem no ranking nacional e várias competições deste ano foram quase todas pelo ranking. Então, eu fiquei abalada, mas fiz tratamento psicológico também, para ter uma força, não me deixar abater. Mas, querendo ou não, a pessoa fica um pouco triste”, afirmou.

Contando com total apoio do clube mineiro, Amanda fez a cirurgia em fevereiro. Apesar de ser um procedimento que costuma ter uma recuperação rápida, a intervenção ainda reservou um último desafio à judoca. “Eu tive um derrame porque a cirurgia inflamou, por causa do tecido um pouco maligno. E aí eu tratei com medicamento. Passei duas semanas a mais do previsto para voltar a treinar”, relembrou.

RETORNO

O retorno da atleta aos tatames aconteceu em maio. Mesmo afastada durante boa parte do primeiro semestre, ainda conseguiu subir ao pódio em quase todas as competições disputadas. Pela categoria até 48 kg (a mesma em que Sarah Menezes foi ouro em Londres-2012), a pernambucana foi prata no Regional, campeã do Mineiro, bronze na Taça Brasil e no Brasileiro e quinto lugar no Troféu Brasil.

“Infelizmente, este ano, foi de luta pela minha saúde. Eu queria muito ganhar as competições, me classificar para bastante coisas, mas lutei especialmente só para ficar bem de saúde. Fiquei sem me preocupar com outra coisa, medalha ou resultado. Mas, ano que vem, pretendo estourar bastante”, prometeu.

Para Amanda e os demais judocas de destaque do País, 2019 já começa no fim deste ano. Na ocasião, acontecem a Seletiva Nacional de Base e a Seletiva Tóquio-2020. Até o momento, a pernambucana está ranqueada para as duas disputas. Se tiver presença confirmada, deve entrar nos torneios ainda mais fortalecida. Depois de vencer tantas dificuldades, ficou a certeza. O judô continua sendo a sua vida, seu maior sonho e coração.

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