O etíope Feyisa Lilesa, prata na maratona masculina dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, realizou um protesto político ao cruzar a linha de chegada neste domingo, cruzando os braços, como se estivessem atados, em defesa da etnia Oromia, cujas manifestações recentes foram reprimidas com violência pelo governo.
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A organização Human Rights Watch estimou em junho que 400 pessoas morreram e milhares de feridos em uma tentativa do governo da Etiópia de deter os protestos realizado por membros da etnia Oromia desde novembro de 2015 contra a perseguição do governo.
"Realizei este gesto pela atitude do governo do meu país contra a etnia Oromia. Tenho familiares na prisão no meu país. Se você falar de democracia te matam. Se eu voltar à Etiópia, talvez me matem ou me prendam", declarou Lilesa, que pertence a esta etnia.
"É muito perigoso se viver no meu país. Talvez eu tenha que ir para outro país. Protestei pelas pessoas em qualquer lugar do mundo que não têm liberdade", acrescentou.
Os membros da etnia Oromia manifestam regularmente desde novembro de 2015 contra um projeto de apropriação de terras.
Várias dezenas de manifestantes foram mortos em 7 e 8 de agosto, na região sul do país.
Governo etíope promete não punir maratonista que protestou na Rio-2016
Nesta segunda-feira (22), o governo etíope assegurou que Feyisa Lilesa não será punido se voltar para o seu país, informou a rádio estatal Fana.
"Lilesa não terá nenhum problema em razão de seu posicionamento político", afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do governo, Getachew Reda, citado pela Fana.
"Apesar de expressar seu ponto de vista político nos Jogos Olímpicos, o atleta será acolhido quando retornar para casa, assim como os outros membros da equipe olímpica etíope", acrescentou a mesma fonte.
A Etiópia experimenta atualmente um movimento sem precedentes de contestação anti-governo, que começou na região Oromo (centro) em novembro e que se espalhou nas últimas semanas para a região Amhara (norte).
Estes dois grupos étnicos representam cerca de 60% da população da Etiópia e protestam cada vez mais abertamente contra o que eles percebem como um domínio da minoria dos Tigreans, do norte do país, que ocupam posições-chave no governo e nas forças de segurança.