Atualizado às 17h22
Pela primeira vez no Brasil, um clube de futebol foi punido pelo fair play trabalhista. Nesta quinta (1º), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu punir o Santa Cruz pelos atrasados salariais no segundo semestre de 2016. O Tricolor do Arruda perdeu três pontos na Série A do ano passado e terá que pagar multa de R$ 30 mil.
O processo, movido pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), foi extinto inicialmente em fevereiro, pela 5ª Comissão Disciplinar do STJD. A Procuradoria recorreu da decisão em primeira instância e o julgamento aconteceu nesta quinta (1º), no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
"Foi extinto na 5ª Comissão, a procuradoria recorreu na segunda instância, o Pleno. O julgamento foi iniciado ainda em 30 de março, foi adiado duas vezes, e hoje (quinta, 1º) foi encerrado. Estava 3x0 para condenar com perda de três pontos e R$ 100 mil. Os outros três (juízes) que votaram mantiveram a perda na Série A, mas reduziram a multa para R$ 30 mil", explicou Eduardo Lopes, vice-presidente jurídico do Santa Cruz, em entrevista ao JC.
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Eduardo Lopes também confirmou que o Santa vai recorrer da decisão. "Vamos entrar com um embargo declaratório, para sanar dúvida ou contradição que tenha entre o fundamento e a decisão. A gente entende que tem algumas coisas que não foram bem esclarecidas. Obviamente que a gente só pode analisar melhor quando eles disponibilizarem o acórdão, o resumo do julgamento. Lá, vão dizer os fundamentos pelos quais eles entenderam que deveria haver punição", explicou Eduardo.
O fair play no Brasil obriga os clubes a gastarem apenas o que arrecadam para não atrasar os salários dos jogadores. Em 2016, o Santa Cruz, rebaixado na Série A na vice-lanterna, terminou o ano com problemas financeiros, com os atletas chegando a ficar três meses sem receber. Do elenco da última temporada, apenas os laterais Vítor, Tiago Costa e Roberto permaneceram no clube.
GESTÃO DE PASSIVO
Desde o início do ano, o Tricolor do Arruda criou uma força-tarefa para quitar os atrasados com o elenco do ano passado. Foi instituída uma comissão de passivo, que levantaria o total do débito e começaria a negociar com os atletas em abril, segundo o presidente Alírio Moraes.