Uma invasão de pratas da casa. Ao contrário de anos anteriores, quando os jogadores formados no “quintal” do clube subiam para o profissional somente para compor o grupo, nesta temporada, Sport e Náutico resolveram olhar com mais carinho para os atletas da casa. Com isso, o que se vê nos gramados pernambucanos é um desfile da garotada. As duas equipes, juntas, já utilizaram cerca de 35 jogadores revelados no CT José de Andrade Médicis e no CT Wilson Campos.
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A valorização pode ser medida pela reformulação contratual. Visando a proteção dos atletas no mercado, o Leão renovou os acordos com quatro atletas formados nas categorias de base: Caio, Everton Felipe, Juninho e Fabrício. O último teve seu contrato renovado no início da última semana. Agora, Fabrício tem vínculo com o rubro-negro até dezembro de 2020.
Outro prova da importância que o Sport vem dando às categorias de base foi o confronto com o Salgueiro, na 8ª rodada do Campeonato Pernambucano, quando o Leão foi a campo com uma equipe composta apenas por atletas sub-20 e saiu com o empate em 2x2 da Ilha do Retiro.
Unindo o útil ao agradável, o treinador Ney Franco tem uma vasta história nas categorias de base. Em 2011, foi campeão do Sul-Americano Sub-20 com a seleção brasileira. Na época, Neymar foi o artilheiro do torneio disputado no Peru com nove gols marcados. “Eu sempre valorizei a base por onde passei. Aqui no Sport não é diferente. O clube tem tradição nisso”, disse Ney.
No Náutico, a dificuldade financeira que o clube atravessa, principalmente depois de deixar escapar o acesso à Série A pelo segundo ano consecutivo, foi o principal fator para que a diretoria apostasse na base em 2017. Só neste início de temporada, dez jogadores formados na categoria de base entraram em campo, destaque para Erick, artilheiro do time na temporada (sete gols), e os laterais David e Manoel. Outros seis integram o elenco principal e aguardam por uma oportunidade do técnico Milton Cruz.
PRESSÃO
Mesmo nessa fase decisiva de Estadual, Tiago Cardoso, um dos mais experientes do plantel timbu, não acredita que os garotos da equipe vão sentir a pressão de disputar um mata-mata. “Não só os atletas mais rodados, mas a comissão-técnica vem conversando com os mais jovens. Acho que eles vão se sair bem. Os meninos da base vêm jogando desde o início da competição e já jogaram clássicos. Uma semifinal é diferente, mas eles terão o apoio de quem está no campo para passar tranquilidade”, falou o goleiro.
Capitão e principal referência no meio de campo do timbu, o meia Marco Antônio sabe que vai precisar exercer a sua liderança para orientar a garotada alvirrubra na disputa do mata-mata. “O Náutico tem uma safra muito boa de garotos e eles têm de entender que a responsabilidade não é deles. Não precisam colocar o peso da decisão e a fila de título que o clube passa nas costas. Muito pelo contrário, a garotada tem de jogar leve e solta. Era isso que fizeram comigo em 2004... Os caras mais experientes como Batata, Lima, Nilson e Kuki davam suporte pra gente jogar tranquilo. Hoje, procuro fazer o mesmo com os mais novos do nosso elenco”, lembrou o camisa 10, que foi campeão Estadual daquele ano com apenas 19 anos.