Memória

O título de 1987 do Sport vivenciado por três gerações

Apesar de não serem nascidos quando o Leão foi campeão, membros mais novos da família Queirós conhecem toda a história da competição

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 04/02/2018 às 8:33
Alexandre Gondim/JC Imagem
Apesar de não serem nascidos quando o Leão foi campeão, membros mais novos da família Queirós conhecem toda a história da competição - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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No dia 7 de fevereiro de 1988, todo bom rubro-negro elegeu o estádio Ademar da Costa Carvalho, a Ilha do Retiro, como destino obrigatório. A data marcou a final do conturbado Campeonato Brasileiro de 1987, entre Sport e Guarani. O pernambucano Geraldo Queirós, de 67 anos, e os filhos George, de 42, e Rodrigo, de 39, estiveram entre os 26.282 torcedores que lotaram o local para empurrar o Leão. Também acompanharam todas as brigas judiciais movidas pelo Flamengo depois que o clube da Praça da Bandeira derrotou o time de Campinas por 1x0 e levantou a famosa Taça das Bolinhas. Como testemunhas da maior conquista da história do Leão, eles fizeram o amor pelo Sport e o orgulho por 87 chegar à terceira geração da família. Apesar de terem nascidos após a final, Kauã Queirós, de 11 anos, e Guilherme Queiroz, de 21, são profundos conhecedores da história daquele Nacional.

“Esse título despertava a minha curiosidade porque eu não entendia bem essa história, de 87 é nosso, não é. E também porque sempre tinha uma rivalidade no jogo com o Flamengo, um time que nem é daqui. Vi discussões e eu não sabia me defender direito. Pessoas mais velhas entendiam o que tinha havido e eu não sabia me justificar. Aí, passei a perguntar muito sobre isso ao meu pai. O pessoal fala que, na época, o Sport era de Segunda Divisão. Mesmo que fosse, Flamengo, Internacional e todos os outros times assinaram o regulamento concordando (com o cruzamento entre os Módulos Verde e Amarelo). Então, não justificava eles não terem vindo para o jogo. Como perde um time que falta e, como era eliminatório, o Sport ganhou do Guarani e, por isso, é o campeão brasileiro de 87”, declarou Kauã.

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Pelo regulamento da época, o título seria definido em um quadrangular final entre os dois primeiros colocados do Módulo Verde: Flamengo e Internacional; e os dois melhores classificados do Amarelo: Sport e Guarani. Com a recusa das equipes carioca e gaúcha de entrarem em campo, a decisão acabou acontecendo entre o Leão e o Bugre. No primeiro jogo, o time pernambucano e o paulista empataram por 1x1 em Campinas. No segundo, na Ilha, o placar foi de 1x0 para o Sport, que ficou com o título. Durante os 30 anos após a conquista leonina, o Flamengo recorreu em várias instâncias da Justiça. A última derrota aconteceu no ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o rubro-negro pernambucano como o único campeão de 1987.

“Com essa conquista, o Sport consolidou a sua grandeza. Ganhou nos gramados, jogando futebol, e também nos bastidores, lutando contra o Flamengo, um time tradicional, e a CBF. Nós conseguimos ganhar em todos os campos. Essa luta consolidou o Sport para sempre e mostrou a grandeza que esse clube tem para o mundo inteiro”, comentou Geraldo Queirós.

O DIA DA FINAL

Assíduo frequentador da Ilha do Retiro, Geraldo acompanhou todos os jogos do Leão no Brasileiro de 87. Ele relembra que o clima no Recife, nas vésperas da decisão, era de muito nervosismo e ansiedade. Por todo o imbróglio até que a CBF decidisse a final entre o Sport e Guarani apenas em 1988. No dia do jogo na Ilha do Retiro, Geraldo saiu da cama às 5h, depois de ter passado praticamente toda a noite insone. Com a partida marcada para as 17h, dirigiu-se à Ilha do Retiro acompanhado de dois amigos e dos dois filhos. Na época, o patriarca estava com 37 anos. Já George tinha 12 e o caçula, Rodrigo, 9.

 

“No dia de Sport x Guarani eu tinha pouco mais que a idade do meu filho hoje. Lembro de flashes. Recordo do caminho que fizemos até a Ilha, dos locais em que paramos, do estádio lotado, do momento do gol e da comemoração. A festa na sede depois também foi muito marcante. Então, mesmo aos 42, esses momentos se mantém vivos na minha mente”, contou George.

Diferente do irmão, Rodrigo não ficou com muitas lembranças daquele dia, mas se orgulha de ter participado de um momento tão importante para o clube do coração. Por isso mesmo, não esqueceu de cultivar no filho, Guilherme, o amor pelo vermelho e preto. Com o maior título do Sport completando 30 anos, as três gerações dos Queirós seguem com a certeza de que 87 sempre foi e sempre será do Leão.

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