As histórias de Milton Mendes e Lisca se confundem. Nascidos no Sul do País - Içara (SC) e Porto Alegre (RS), respectivamente -, os dois treinadores encontraram no Nordeste o oásis para o sucesso profissional. Se dentro das quatro linhas, a dupla se destaca por ter um vasto conhecimento técnico-tático, obtido em estudos acadêmicos e nas bibliografias esportivas, na área técnica ambos se assemelham por terem um perfil agitado e temperamental. Mas se engana que as similaridades param por aí.
Reconhecidos no mercado pela habilidade de recuperar um elenco desacreditado, mais uma vez Milton e Lisca estão mostrando à frente de Sport e Ceará essa capacidade. Não só resgatando o emocional dos seus respectivos grupos, envolvendo e motivando os jogadores, mas também proporcionando organização tática aos times ao ponto de jogarem um futebol competitivo e, por vezes, até vistoso. Enquanto o Leão vem de três vitórias nos últimos quatro jogos, a arrancada do Vozão é ainda mais impressionante, ao ponto de ter a quinta melhor campanha do returno, com 21 pontos, em 12 jogos. Por isso, o duelo entre os dois na próxima segunda promete ser frenético.
O próprio Mendes faz questão de reconhecer a enorme competência do treinador da equipe cearense e brinca que de doido ele não tem nada. “Lisca tem grande capacidade não só de arrumar o time, mas também de dar um padrão de jogo interessante. Ele é muito inteligente na hora de falar. É muito articulado. As pessoas, às vezes, rotulam os outros por um nome, uma palavra... Lisca “doido”, mas de doido ele não tem nada. O trabalho dele não é por acaso. Uma equipe que é a quinta em pontuação no segundo turno mostra que ele sabe trabalhar bem, dedicado, aglutinador. Torcida e jogadores estão com ele e, por isso, é um treinador que merece a atenção de muita gente”, disse Milton a reportagem do Jornal do Commercio.
Mais novo sete anos, Lisca não escondeu a sua admiração pelo trabalho do treinador rubro-negro. “O Sport tem um treinador que sou fã. Milton não tem medo do perigo. É um cara que tem muito conteúdo. Talvez um dos únicos técnicos brasileiros com todos os cursos da UEFA, que são os cursos que quero fazer. Vou aproveitar esse jogo para bater um papo com ele e saber o caminho das pedras (para realizar os cursos na Europa). Como ele é um treinador muito capacitado, o time do Sport já é outro. Evoluiu muito com a chegada dele. Conseguiu colocar energia com organização tática. A equipe já está dando a volta por cima. Muito parecido com o que a gente fez aqui”, falou.
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Se depender de Milton, esse encontro será bastante afetuoso. “Vou ter o maior prazer de conversar com Lisca. Me chama a atenção a energia e a forma como ele trabalha ao colocar os jogadores em campo. Dá pra ver que eles fazem exatamente o que Lisca realmente quer. A mesma entrega que Lisca tem fora de campo, os seus atletas têm em campo. Sou mais ou menos parecido. Minha forma de ser é muito parecida com a dele, por isso eu o entendo e o admiro muito”, declarou o rubro-negro.
NO RECIFE
Os dois também colecionam passagens marcantes por clubes pernambucanos, mas nunca se enfrentaram anteriormente pois trabalharam na capital pernambucana em períodos diferentes - Milton, em 2016, no Santa Cruz, conquistou dois títulos; e Lisca, em 2014 e 2015, no Náutico, chamou a atenção pelos duelos contra o Sport na Ilha do Retiro. Uma delas, quando subiu no alambrado após os alvirrubros vencerem o Leão, em 2014, quebrando um tabu de quase dez anos sem vitórias no estádio rubro-negro.
“Jogar lá é duríssimo. Casa cheia, conheço bem a torcida do Sport. É guerreira demais e apoia o time. A Ilha lotada é muito forte, mas ao mesmo tempo é gostoso jogar lá. Já tive algumas experiências jogando lá quando trabalhei no Náutico... Ganhamos algumas, perdemos outras, faz parte”.