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Preservação de imóveis antigos valoriza os novos

Construção de edifícios junto a casarões históricos tem uso residencial e comercial

Do JC Online
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Publicado em 16/01/2014 às 0:00
Edmar Melo/JC Imagem
FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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Há poucos anos, os três prédios que compunham o Instituto de Psiquiatria Luiz Inácio poderiam estar condenados à demolição. Mas agora estão destinados a ganhar um novo papel no desenho do bairro da Boa Vista. Dentro de dois anos e meio, farão parte do Grand Tower Boa Vista, empreendimento que a Conic Souza Filho está erguendo no local. Assim como esses chalés, casarões de valor histórico na cidade estão se agregando a prédios comerciais e residenciais, mostrando ao mercado que, mesmo com o custo da manutenção, a preservação desses locais valoriza o novo imóvel.

Desativados desde 2010, os três prédios, que estão no mapa do Recife desde 1906, têm como endereço os números 1.509, 1.531 e 1.553 da Avenida Conde da Boa Vista. Eles não eram tombados nem estavam listados como Imóveis Especiais de Preservação (IEP) ferramenta que permite ao município proteger edificações, mesmo que não haja tombamento por parte do Estado ou da União. A partir de uma negociação que a Conic buscou com a Diretoria Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC) do Recife, os chalés foram incluídos na lista.

Os IEPs estão classificados na Lei Municipal 16.284. Quando foi elaborada, a proposta tinha 354 imóveis que poderiam ser classificados. “Mas nem todos os proprietários concordaram. Alguns sequer deixam a equipe entrar”, explica a gestora da DPPC, Lorena Veloso. Até o fim do semestre, está sendo concluído um novo levantamento para tentar incluir novas edificações na lei e atualizar a legislação.

Quando um imóvel vira um IEP, ele precisa ser preservado nas suas características originais, mas o proprietário pode construir no restante do terreno. Em troca, o imóvel também recebe isenção de IPTU por quatro anos e, na sequência, tem desconto de 25% a 50% no tributo.

 

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Edifício Margarida Renda Colonial, na Av. Conselheiro Rosa e Silva, Graças, tem casarão preservado - Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão do edifício Costa Azevedo, na Av. Rosa e Silva com a Rua Amélia - Edmar Melo/JC Imagem
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Obras do Grand Tower Boa Vista e Residencial Boa Vista - localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Chalés serão preservados - veja localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Chalés serão preservados - veja localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Chalés serão preservados - veja localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Chalés serão preservados - veja localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Chalés serão preservados - veja localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Obras do Grand Tower Boa Vista e Residencial Boa Vista - localização https://goo.gl/maps/83n22 - Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da esquina da Estrada do Arraial com a Rua Ferreira Lopes também será integrado a prédio - Edmar Melo/JC Imagem
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Empresarial Alcides Fernandes, na Praça de Casa Forte, fica recuado, com casarão à frente - Edmar Melo/JC Imagem
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Outro empresarial será erguido junto a este casarão na Praça de Casa Forte - Edmar Melo/JC Imagem

 

Experiência - A construção de edifícios em terrenos de IEPs tem se mostrado bem sucedida, como nos casos de residenciais como o Margarida Renda Colonial e o Costa Azevedo, ambos na Avenida Rosa e Silva. O uso comercial é mais recente. Um exemplo é o Alcides Fernandes, na Praça de Casa Forte. Construído pela Suassuna Fernandes, o imóvel tem salas de 25 metros quadrados e o casarão, que já era um IEP quando foi comprado, tem 200 m² e vai abrigar um café. Como há obrigação de manter o espaço preservado, o valor do condomínio da casa preservada é cerca de 20% maior do que o das salas. Contudo, o IPTU desse espaço tem desconto de 50%, ficando por R$ 1.105. Na mesma praça, a construtora está erguendo o Beta Suassuna, onde também há um IEP. 

O diretor comercial da construtora, Saulo Suassuna Fernandes Filho, estima que tenham sido investidos cerca de R$ 200 mil na recuperação e restauração de cada prédio. “Sabíamos que teríamos custos adicionais , mas sabíamos também que isso valorizaria ainda mais o empreendimento”, comenta o empresário, ao citar o “charme” dos casarões e o ganho urbanístico da preservação. São vantagens que fizeram a Conic procurar a Prefeitura do Recife quando adquiriu o terreno do Instituto Psiquiátrico. “Quando formos escolher os operadores, vamos cuidar para que o segmento das empresas acompanhe este perfil dos empreedimentos e provavelmente vamos optar por serviços como cafeterias e agências bancárias”, diz o o CEO da Construtora Conic, Lucian Fragoso.

Construído em regime de condomínio fechado – pelo qual todo o pagamento é feito à construtora antes da entrega –, o Grand Tower está 85% vendido, com o m² custanto R$ 6 mil. Atrás dele está sendo feito o Residencial Boa Vista, cujas vendas estão mais avançadas, em 95%, com R$ 5,6 mil pelo m². “Com esses dois empreendimentos, aquela área vai mudar para melhor”, afirma Fragoso.

Veja vídeo com imagens dos chalés que vão integrar o Grand Tower

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