O síndico de seu prédio é convencional ou profissional? As duas categorias coexistem hoje no mercado imobiliário, mas a segunda ganha cada vez mais destaque diante da falta de tempo e interesse por parte dos moradores em assumir a função.
Criada para fazer uma conexão entre as administradoras de condomínio e o dia a dia dos moradores, a atividade de síndico profissional está sujeita às mesmas regras da do síndico condômino, previstas na Lei Federal 10.406/02.
Não há dados disponíveis que comprovem essa nova realidade, mas depoimentos como o da dona de casa e síndica Ivone Maia, 55 anos, e da administradora Vânia Maia, 46, mostram como o mercado local tende a procurar cada vez mais a profissionalização.
Síndica profissional na administradora de condomínios Apsa, Vânia administra três condomínios. Para ela, é um mercado em ascensão, devido à dificuldade cada vez maior de moradores assumirem esse posto, especialmente diante das necessidades tributárias e trabalhistas que o condomínio tem. “Vemos como é difícil quando a pauta da assembleia do condomínio tem eleição de síndico. Ninguém quer”, relata Vânia.
Ivone Maia, que é reeleita para o cargo há 13 anos no residencial de 72 apartamentos onde mora, é uma confirmação da observação de Vânia. “Assumi porque o apartamento é meu e queria cuidar do meu patrimônio. Não tinha outra pessoa que fizesse isso. Muito difícil alguém querer essa função”, lamenta Ivone, que pensa em desistir porque está “cansando de muitas coisas”. “Quando tem eleição, os moradores dizem ‘para que mudar se está bom?’”.
Pensando em seu patrimônio, Ivone lembra que, quando foi eleita, os prédios estavam precisando de muitas reformas. Entre as conquistas, enumera a mudança da fachada de pastilha para cerâmica e o “upgrade” da escada para degraus de granito e corrimão de aço inoxidável. Outras vitórias que Ivone comemora dizem respeito à gestão e ao jogo de cintura que usa no dia a dia. “Vou direto à pessoa, como a síndica, não como Ivone, a moradora”, diz, ao resumir o segredo para lidar bem com os vizinhos.
No entanto, habilidades como a de Ivone são exceção. “Em geral há muitos conflitos porque as pessoas não separam o vizinho do síndico. Com um síndico profissional, essa relação é melhor, porque ele não está pessoalmente envolvido”, explica a administradora. Ela esclarece que independentemente disso, qualquer pessoa que assuma como síndico terá que responder legalmente pelo condomínio. “Se houver problemas com a Justiça, sou eu quem responde”, lembra.
Para Vânia, esse vínculo legal é uma das principais amarras que ligam o síndico profissional ao compromisso de dar o seu melhor para o condomínio. Outra é a fidelização do cliente. “Queremos ver os clientes satisfeitos e mantê-los na nossa carteira”, pontua.