Atualizada às 17h10
O governo do Estado do Amazonas anunciou nesta terça-feira (10) o afastamento do diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) José Carvalho da Silva. Por meio de duas cartas enviadas à Justiça do Amazonas no dia 14 de dezembro, o diretor é acusado por dois presos que morreram no massacre do último dia 1º de receber dinheiro da facção criminosa Família do Norte (FDN) para facilitar a entrada de drogas, armas e telefones celulares na penitenciária.
Inicialmente, a assessoria de imprensa do Governo do Amazonas tinha informado que o diretor havia sido exonerado do cargo, no entanto, a nota enviada pela Secretadia de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) afirmou que José Carvalho da Silva foi mesmo afastado do cargo.
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As cartas
As cartas que denunciavam o diretor foram escritas por Gezildo Nunes da Silva e Alciney Gomes da Silveira, presidiários mortos durante a rebelião do dia 1º de janeiro. Nelas, os presos contaram que estavam sendo vítimas de perseguição por parte do diretor do presídio porque ele sabia que alguns detentos conheciam sua suposta ligação com a facção FDN.
"Querem nos tirar [da ala segura do presídio] só pelo fato de nós internos sabermos que eles são corruptos e recebem dinheiro da facção FDN, facilitando a entrada de armas, drogas, celulares", diz um trecho de uma das cartas.
Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) do Amazonas informou que abriu uma sindicância para apurar as acusações contra o diretor José Carvalho.
Desde o início do ano, o sistema carcerário do Amazonas vive uma crise. Uma série de rebeliões tem acontecido no estado e resultado na morte de pelo menos 60 detentos. As mortes, segundo preliminantes, teriam sido praticadas por integrantes da Família do Norte com o objetivo de eliminar rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC).