O Ministério da Saúde estuda a inclusão da vacina contra a febre amarela no calendário rotineiro de imunização das crianças de todas as regiões do Brasil, não só das áreas consideradas endêmicas. A proposta é que já comece a valer a partir do ano que vem.
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As crianças receberiam duas doses - a primeira aos 9 meses e a segunda aos 4 anos. "Estamos estudando a possibilidade de introduzir a vacina. É preciso avaliar o risco-benefício. Você tem que colocar na balança qual o benefício de dar essa vacina (em áreas que não têm casos da doença). O benefício é que em longo prazo, em 20 anos, teremos toda a população do Brasil imunizada e não precisaremos fazer uma campanha. Vou vacinando gradativamente. Mas tem os riscos", afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, Carla Domingues. Ela participou nesta quinta-feira, 23, de seminário promovido pela Sociedade Brasileira de Imunizações, em São Paulo.
A mudança no cenário da transmissão de febre amarela está entre os fatores que os técnicos da pasta avaliam. "Não havia transmissão da doença no Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Com idas e vindas da população o tempo todo, a pessoa que mora no Rio Grande do Norte (um dos Estados que não têm transmissão da doença) pode vir trabalhar no Rio ou em São Paulo; traz o filho pequeno. Há cinco anos, o cenário era outro. Temos que nos adaptar a esse outro cenário."
Avaliação
O ministério avalia ainda os riscos da vacinação em massa. Os efeitos adversos da vacina, quando ela induz uma resposta excessiva do organismo e acaba levando ao desenvolvimento da febre amarela, ocorrem na proporção de um para 3 milhões de doses nos períodos de vacinação rotineira. Quando há um surto e a imunização é ampliada, essa proporção chega a um caso a cada 500 mil vacinados, explicou Carla.
Hoje, há 3.529 municípios com recomendação de imunizar a população contra a febre amarela - nesses, já funciona o esquema de vacinar crianças aos 9 meses e 4 anos. Outros 113 foram incluídos como áreas de vacinação prioritária por causa da transmissão da doença. A estimativa do ministério é que ainda tenham de ser vacinados 25,5 milhões de pessoas com idades entre 15 e 59 anos.